O opositor do governo cubano Luis Posada Carriles voltará na próxima segunda-feira a um tribunal de El Paso, Texas, que o julgará por ter entrado ilegalmente nos Estados Unidos, sem se pronunciar sobre o pedido de extradição feito pela Venezuela. Posada Carriles foi detido em 17 de maio, após uma entrevista coletiva em Miami, e levado para um centro migratório em El Paso, por ter entrado nos EUA supostamente pela fronteira com o México.

Em 13 de junho, Posada Carriles, cuja extradição foi pedida pela Venezuela, compareceu pela primeira vez diante do juiz William Abbott, que no fim de julho lhe negou a liberdade sob fiança, por temer que ele fugisse.

Na segunda-feira, o juiz ouvirá os argumentos das partes favoráveis e contrárias à deportação de Posada Carriles, cujos advogados renovaram em junho seu pedido de asilo, para evitar uma expulsão semelhante a dos imigrantes ilegais presos após cruzar a fronteira.

O julgamento não corresponde às exigências do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que pediu formalmente a extradição de Posada Carriles em 13 de junho, depois que Washington rejeitou um primeiro pedido de "prisão provisória com fins de extradição".

"O juiz de El Paso não tem o poder de extraditar, condenar ou absolver", afirmou José Pertierra, advogado venezuelano nos Estados Unidos. "O único poder que ele tem é o de recomendar a deportação desse indivíduo", acrescentou. "O que a Venezuela quer é que o Departamento de Justiça, de posse do pedido de extradição (...) faça o que deve ser feito sob o tratado de extradição, que é apresentar o caso a um tribunal federal, para que seja processada a extradição de Posada Carriles", explicou Pertierra.

Posada Carriles nasceu em Cuba, mas tem nacionalidade venezuelana. Ele não é acusado de terrorismo nos Estados Unidos, apenas na Venezuela, que pediu sua extradição por causa do atentado de 1976 contra um avião da Cubana de Aviación, que matou 73 pessoas.

Posada Carriles fugiu em 1985 de uma prisão venezuelana. Havana o acusa de ter colocado bombas em hotéis da capital em 1987. Os presidentes de Cuba e Venezuela criticaram os Estados Unidos pelo que chamaram de "dupla moral" na luta antiterrorista. A organização Answer convocou várias manifestações para segunda-feira, uma delas próximo à Casa Branca, para pedir a extradição de Posada Carriles.