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Analfabetismo funcional é prejuízo para montadoras
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
13/11/2005 | 08:39
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Em plena era da tecnologia e da robótica, trabalhadores alfabetizados não conseguem compreender informações fundamentais para o desenvolvimento da atividade profissional. Um exemplo prático do problema ocorre em uma montadora de São Bernardo, na qual simples manuais de instruções de equipamentos ou comunicados do departamento de RH tornam-se enigmas indecifráveis para 78,5% dos funcionários de um setor da produção.

Os dados fazem parte de pesquisa para tese de doutoramento na USP (Universidade de São Paulo), realizada no final do ano passado pelo professor de finanças e consultor de empresas Geraldo Galhano. Os resultados indicam que três em cada quatro operários não conseguem interpretar textos simples, localizar informações ou decifrar tabelas , sendo considerados, portanto, analfabetos funcionais (leia mais na página 3).

Os números da montadora podem se repetir em outras empresas do Grande ABC, segundo Galhano, por confirmarem uma realidade nacional. De acordo com o INAF 2005 (Índice Nacional de Alfabetismo Funcional), do Instituto Paulo Montenegro – entidade sem fins lucrativos vinculada ao Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) –, 74% da população brasileira é analfabeta funcional.

A falta de compreensão por parte dos funcionários não é somente um problema social, como também reflete diretamente nos negócios das empresas, de acordo com a tese do doutorando. Galhano estima que as companhias do país tenham perdas entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões em razão do analfabetismo funcional. Isso porque, segundo ele, as empresas treinam funcionários que não entendem a mensagem transmitida, o que prejudica a produtividade.

Como a pesquisa foi desenvolvida em uma montadora do Grande ABC, cujo nome Galhano pediu reserva, o Diário procurou seis empresas do ramo na região para saber o que faziam para melhorar a educação de seus funcionários. Apenas duas falaram com a reportagem.

Na DaimlerChrysler, de São Bernardo, o investimento em educação de funcionários neste ano foi de R$ 12,5 milhões. Para o gerente de seleção e treinamento da Daimler, Marcelo Simoni, o analfabetismo funcional é um problema de toda a sociedade. “Reconhecemos essa dificuldade, mas criamos alternativas para combatê-la. Além disso, estamos trabalhando bastante para facilitar as formas de comunicação com os funcionários e realizando treinamentos constantes. Sabemos que a educação é fundamental para o crescimento da empresa.”

Na Toyota, também de São Bernardo, o investimento em educação neste ano foi de R$ 2 milhões. De acordo com o diretor de Planejamento Corporativo da empresa para o Mercosul, Percival Marante, a companhia tem como política capacitar os empregados na admissão e realizar treinamentos regulares. “Acredito que não tenhamos tanta incidência de analfabetos funcionais. Mas estimulamos a compreensão dos empregados por meio de palestras e cursos. A comunicação da empresa também é diferenciada. Cada líder informa pessoalmente os seus subordinados para facilitar.”

Analfabetismo funcional nas empresas

O que é?
Analfabeto funcional é aquele que, mesmo sabendo ler e escrever, não consegue interpretar textos, localizar informações ou decifrar tabelas e gráficos simples. De acordo com pesquisas realizadas, mesmo pessoas de nível superior podem ser analfabetas funcionais.

O que as empresas perdem com isso?
Com base no PIB (Produto Interno Bruto) das indústrias brasileiras

e no percentual médio destinado pelas empresas a desenvolvimento de pessoal, estima-se que as companhias do país perdem entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões em razão do analfabetismo funcional. Isso porque, muitas vezes, as empresas treinam funcionários que não entendem a mensagem transmitida, o que prejudica a produtividade.




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