D+ Titulo
Reféns do consumo
Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
03/08/2008 | 07:02
Compartilhar notícia


Comprar, comprar e comprar. Se este verbo é uma constante em sua rotina já passou da hora de administrar melhor o dinheiro. O consumismo - ou a oneomania - que só tende a piorar, principalmente pelas recentes facilidades de crédito, pode trazer não só problemas psicológicos como também deixar a conta bancária no vermelho.

Aderbal Vieira Júnior, responsável pelo ambulatório de dependências não-químicas do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é um dos estudiosos do assunto. Segundo ele, em seis anos de atendimento no ambulatório, cerca de 40 pessoas o procuraram para sanar o problema, que estava em estágio avançado.

Entre as principais vítimas estão as mulheres, com idade superior a 21 anos. "Elas costumam comprar artigos geralmente ligados à beleza e sedução. Já os homens, quando são compradores patológicos, escolhem objetos vinculados à demonstração de poder e potência."

A médica psiquiatra da Faculdade de Medicina do ABC, Fernanda Piotto Fralonardo, explica que existem dois tipos de transtornos: o afetivo bipolar e o compulsivo. Nos dois casos, segundo ela, o paciente fica ansioso, tem picos de euforia e estágios de depressão. "Um dos principais causadores é a herança genética", explica.

Segundo Vieira, aos primeiros sinais da perda de controle financeiro, compras desnecessárias e objetos repetidos, é recomendado procurar um especialista. "Já houve casos de pessoas que saíam na hora do trabalho para comprar algo, por simples compulsão e isso é grave", acrescenta. O tratamento, segundo ele, dura em média quatro meses, em alguns casos com a necessidade do uso de medicamentos.

Na Alemanha - A agência BBC noticiou há duas semanas que um hospital universitário, no Sudoeste da Alemanha, desenvolveu uma terapia bem-sucedida para o consumismo.

Quase metade dos 60 pacientes que participaram do tratamento - 51 mulheres e 9 homens, entre 20 e 61 anos - conseguiu controlar as compras. Foi o resultado de 12 semanas de encontros entre os integrantes e a troca de experiência que os fez perceber, segundo os pesquisadores, os malefícios da compra desregrada.

Depoimento
A cabeleireira Neide Pereira Araújo Ema, 47 anos, diz que não gosta de passar um dia sem comprar algo. "Se eu não compro não fico feliz." Segundo ela, se gosta de algum produto, nem o preço é impedimento para a aquisição. "Já cheguei a comprar um casaco de R$ 1.100, porque além de ele ser diferente, sei que vai durar." Além de roupas, Neide conta com um acervo de 120 pares de sapatos e quase 60 bolsas, artigos que ela mais gosta. Embora admita ser consumista, ela afirma que nunca passou por problemas financeiros. "Sempre tive o controle", garante.

Dicas
Gaste apenas o que ganha durante o mês.

Faça controle mensal dos gastos. Caso extrapole, compense comprando menos no mês seguinte.

Evite adquirir produtos iguais, mas de cores diferentes. Se já tem um, para que outro?

Se você sentir euforia ao ter algum produto e, logo em seguida, arrependimento, procure um tratamento.

Grupos de apoio também podem ser bons aliados para se livrar do problema. É importante aceitar que existe esta compulsão e buscar ajuda.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;