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‘Bronco’ revivido rende boa audiência ao SBT
André Bernardo
TV Press
16/05/2004 | 18:38
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Atualmente, o SBT é a emissora de TV aberta que mais exibe seriados norte-americanos como Smallville, The West Wing, Friends, Plantão Médico... O que mais tem causado burburinho, porém, é o nacional Meu Cunhado. Engavetado desde 2000, quando foram gravados 52 episódios, Meu Cunhado alcançou inacreditáveis 21 pontos no Ibope logo na estréia. Um mês depois, a média caiu para 14 pontos, índice ainda considerado ótimo para os padrões do SBT. Programa do Ratinho e Domingo Legal têm enfrentado dificuldades para chegar na casa dos dois dígitos no Ibope. Não por acaso, Silvio Santos encomendou logo a Moacyr Franco, responsável pela redação final de Meu Cunhado, mais um humorístico.

Embora seja um grande humorista, Moacyr Franco não é o trunfo do humorístico. Há anos, Ronald Golias não tem feito outra coisa da vida senão interpretar Pacífico e Profeta no A Praça É Nossa. Demorou para Silvio perceber que um de seus mais talentosos contratados estava criando mofo no programa de Carlos Alberto de Nóbrega. Não que o personagem de Golias em Meu Cunhado seja um assombro de originalidade. Ele nada mais fez do que ressuscitar o bom e velho Carlo Bronco Dinossauro da extinta Família Trapo. A exemplo da série cômica exibida pela Record nos anos 60, Bronco continua o cunhado imprestável e mexeriqueiro de sempre, que inferniza a vida da família.

O sucesso de Bronco deu origem a outros bicões, como o Agostinho, de A Grande Família, ou o Caco Antibes, de Sai de Baixo, mas nenhum que se compare ao original. Por isso mesmo, ao escrever os episódios, Moacyr Franco deixa Golias à vontade para fazer o que sabe de melhor: improvisar a graça. Da mesma geração de outros clowns da TV, como Chico Anysio e Renato Aragão – igualmente mal-aproveitados na Globo –, Golias é um mestre do improviso, mas às vezes exagera um pouco. A cena em que Bronco tenta extorquir dinheiro do sobrinho de 10 anos para financiar sua candidatura à presidência do clube provocou bocejos.

O texto de Meu Cunhado até que não é dos piores. Não chega a ter o fino acabamento de um Cláudio Paiva, responsável pela redação final de A Grande Família, da Globo, mas diverte. Algumas piadas são ingênuas, quase pueris, outras não resistem à tentação do duplo sentido. Pior só a datação de situações. Depois de tanto tempo na gaveta, só agora foi ao ar o episódio que tirava sarro do racionamento de energia elétrica. Numa cena na cozinha da família, Bronco comentou: “Essa noite teve apagão...”. “O que é apagão?”, indagou o caçula. “É falta de luz!”, explica a irmã. “No caso do seu pai, é falta de força mesmo!”, arremata Bronco.

Mas o texto não chega a ser o calcanhar-de-aquiles da série. A produção de Meu Cunhado é tão precária quanto os anúncios da agência Cantapedra de publicidade, administrada pelo personagem de Moacyr Franco. O cenário, o figurino, tudo parece emprestado de A Praça É Nossa. Franco garante que a tendência é melhorar. Segundo ele, o programa só atinge o formato ideal depois do 20º episódio, quando os atores acertam o tom dos personagens.  O sucesso de Meu Cunhado não é difícil de ser explicado. As comédias de situação, afinal de contas, estão na moda. Só na Globo, há poucas semanas, estrearam duas: A Diarista e Sob Nova Direção. Além disso, o humor ingênuo, convencional e até um tanto previsível de Meu Cunhado possui um público cativo no SBT. Não por acaso, o humorístico A Praça É Nossa já está no ar há 17 longos anos. Palpites à parte, o sucesso de Meu Cunhado só reafirma o talento histriônico de Ronald Golias.




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