Foi-se o tempo em que os estudantes de direito comiam, bebiam e saíam sem pagar todo dia 11 de agosto, quando se comemora o Dia do Advogado. Por conta das confusões e dos prejuízos – muitos grupos acabavam na delegacia – o tradicional Dia do Pendura deste ano na região deve ser marcado pela negociação entre universitários e donos de bares e restaurantes.

As representações estudantis recomendam que os alunos negociem com os gerentes das casas antes mesmo de consumirem. "Hoje, os estudantes estão optando pelas reservas dos restaurantes. Os próprios donos se sensibilizam e acabam fazendo um acordo", conta o presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito São Bernardo, Marcelo Zola. Na prática tradicional, os estudantes comem, bebem e na hora de pagar a conta lêem um ofício em que agradecem a gentileza do proprietário.

Segundo o secretário-geral da Uped (União Paulista dos Estudantes de Direito) e estudante de Direito em São Bernardo, Marcos Neves, a diferença é que antes os acadêmicos faziam surpresa e hoje preferem ligar e combinar antecipadamente.

Um exemplo é o "pendura" que vai ocorrer nesta quinta-feira no Fonte Leone Bar, em Santo André. O estabelecimento fez reservas a três grupos de futuros advogados. "Nesta quarta-feira, nós tivemos uma reunião e concordamos em aceitar reservas para o Dia do Pendura. A tradição permanece. Deixamos pendurar a conta da comida e das porções, mas na bebida não. Caso contrário, temos prejuízo", afirma o chefe de cozinha da casa, Max Murray.

Já aqueles que não fizeram reservas podem passar o dia de barriga vazia. "De uma forma ou de outra a pessoa vai ter de pagar", avisa Paulo Paschoaline, gerente do Liverpool, em São Bernardo. Outros bares devem seguir as recomendações do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC). De acordo com o advogado da entidade, Wilson Bianchi, "os restaurantes devem cobrar antecipadamente para não levarem calote".