O governo do Estado, comandado por João Doria (PSDB), deu sinal verde para que as obras do BRT (ônibus de alta velocidade, na sigla em inglês) sejam iniciadas nas próximas semanas, quase dois anos depois da promessa de implementar o modal para ligar o Grande ABC à Capital. O aval foi dado ontem pelo secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, em reunião com o prefeito Orlando Morando (PSDB), de São Bernardo.

A construção e a operação do BRT ficarão sob a responsabilidade da Metra, que já opera os trólebus do chamado Corredor ABD. Como não possui know-how para tocar serviços de engenharia, a Metra deve quarteirizar essas intervenções.

Como vem mostrando o Diário desde dezembro, o governo paulista já vinha preparando o terreno para entregar à concessionária a implementação do modal. No mês passado, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) assinou pacotão de concessões à Metra e, ao prorrogar o contrato de gestão dos trólebus até 2046, incluiu a operação do BRT. De quebra, também entregou à empresa o controle de quase uma centena de linhas intermunicipais que passam pelas sete cidades e a Capital e que pertenciam à antiga Área 5 (que foi extinta com o novo contrato).

O BRT ABC surgiu como substituto da Linha 18-Bronze do Metrô, cujo contrato chegou a ser assinado em 2014 pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas que não passou de discurso. Em julho de 2019, primeiro ano da gestão Doria, o novo modal foi anunciado sob o argumento de que o projeto é financeiramente mais viável que o monotrilho. O avanço da Linha 18 esbarrou justamente no fracasso do governo do Estado em angariar financiamento externo para bancar as desapropriações, primeira etapa do projeto.

Na época em que o BRT foi anunciado, Baldy estimou o custo do modal em aproximadamente R$ 680 milhões. Ontem, o governo Morando divulgou que “mais de R$ 1 bilhão será empenhado em todo o projeto”. “Valor este que inclui a construção do sistema viário, desapropriações e terminais. Tudo custeado pela iniciativa privada.” A promessa é a de que o BRT comece a operar em dezembro do ano que vem.

Com 17,3 quilômetros de extensão, 20 paradas e três terminais, o modal ligará Santo André, São Bernardo e São Caetano à Linha 2-Verde do Metrô (estações Tamanduateí e Sacomã), às linhas paulistanas gerenciadas pela SPTrans e ao próprio Corredor ABD (Terminal São Bernardo). Pela Metra, o elo entre Diadema e a Capital segue com uma única linha de trólebus até a Linha 1-Azul do Metrô (Estação Jabaquara). “O Grande ABC terá aqui o mais moderno e vanguardista sistema de transporte sobre pneu do Brasil. É quase nós termos aquele modelo que todo cidadão brasileiro sonha e que vê no mundo afora”, prometeu Baldy.

“Um grande sonho para nós, de São Bernardo e de todo o Grande ABC, se concretizou hoje (ontem). Em poucos dias, nós teremos o início das obras do BRT, um projeto importantíssimo para a mobilidade urbana de toda a região”, celebrou Morando.