O nome da operadora que vai incorporar os 190 mil clientes da Interclínicas deve ser divulgado até segunda-feira. De acordo com o diretor de Normas e Habilitação de Operadoras da ANS (Agência Nacional de Saúde), Alfredo de Almeida Cardoso, a empresa prometeu encaminhar a informação "em 48 horas" (a partir desta sexta). No entanto, a agência reguladora precisa aprovar a escolha para que a transferência da carteira seja efetivada.

A proposta da operadora escolhida deve preencher quatro requisitos: mesma cobertura assistencial e preço da Interclínicas, equilíbrio econômico-financeiro e absorção das carências já cumpridas pelos clientes.

Existe ainda o risco de fechamento do Hospital Evaldo Foz, de propriedade da operadora paulista, na quarta-feira, caso existam problemas nas negociações da Interclínicas. Segundo Cardoso, da ANS, tal fato configuraria "um agravamento importante da cobertura assistencial, ou seja, até o prestador da própria operadora suspenderia seus serviços". Isso exigiria um novo posicionamento da ANS.

Mais de 50% dos prestadores da Interclínicas já deixou de atender aos consumidores da operadora. Cardoso informou que a ANS não pode obrigar médicos e hospitais a atendê-los. "Apenas apelamos para que os prestadores que possuem contrato com a operadora paulista, por questão ética, recebam os pacientes, pois vamos fazer tudo para que a empresa que assumir a carteira pague as dívidas", disse.

Leilão - Caso a negociação entre a Interclínicas e a incorporadora não se confirme, deverá ser realizado um leilão comandado pela ANS. Fontes do Diário informaram nesta semana que algumas empresas interessadas estariam esperando pelo leilão para obter mais vantagens, mas a agência consideram essa uma estratégia arriscada. Isso porque a carteira de clientes da empresa pode ir se esvaziando nesse período, visto que muitos associados que precisam de atendimento médico podem optar pela troca imediata de plano.

Assim, esperar pelo leilão(que deve ocorrer na segunda quinzena deste mês, caso a negociação anunciada nesta sexta não se confirma) pode significar adquirir apenas contratos de clientes idosos. Esses contratos são os menos rentáveis porque as pessoas com mais de 60 anos utilizam com maior freqüência os serviços do plano de saúde.

Grande ABC - É na região que funcionam quatro dos 12 centros médicos próprios mantidos pela Interclínicas. A empresa enfrenta, nas sete cidades, boicote da rede credenciada desde o primeiro semestre do ano. O desligamento dos médicos é decorrente da negativa da Interclínicas em negociar a implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, que reajusta as tabelas de procedimentos e honorários.

Quinta-feira, o Sindicato dos Médicos de São Paulo esteve com a ANS para solicitar que a manutenção da rede credenciada seja exigida no contrato que será firmado com o comprador da Interclínicas. A agência deveria ter se pronunciado nesta sexta sobre a aceitação ou não do pedido. Mas, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, José Erivalder de Oliveira, nenhum representante da ANS foi encontrado por ele nesta sexta para dar informações.

As negativas de atendimento, segundo a ANS, devem ser denunciadas (0800-7019656). A agência orienta ainda os clientes da Interclínicas a continuarem pagando as mensalidades para ter direito à transferência do contrato sem restrições.