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Greve da polícia leva caos a Salvador
Do Diário OnLine
13/07/2001 | 00:10
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O clima em Salvador foi tenso na quinta-feira, oitavo dia de greve dos policiais civis e militares. Vários assaltos foram registrados, o comércio fechou as portas e as agências bancárias não irão abrir nesta sexta-feira. Com o medo da violência, o prefeito de Salvador,Antonio Imbassahy (PFL), decretou ponto facultativo nas repartições municipais nesta sexta-feira. Apenas os serviços de saúde e limpeza devem continuar funcionando. Também por causa do crescente clima de insegurança, o presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou o envio de tropas do Exército para fazer a segurança na capital baiana.

A decisão foi tomada em reunião como o governador da Bahia, César Borges (PFL). As Forças Armadas devem ocupar as ruas de Salvador na tarde desta sexta-feira. Segundo informações do Ministério da Defesa, o policiamento será feito por 1.500 a 2.000 policiais dos Comandos Militares do Sudeste e do Leste, que devem chegar à capital baiana por volta das 13h desta sexta-feira.

O Pelotão de Reconhecimento de Taubaté, no interior de São Paulo, enviou nesta manhã 120 homens para Salvador, com o objetivo de coletar informações para que seja montado um esquema de ação. Além disso, outros 300 soldados da 102ª Brigada de Caçapava, também no interior, devem seguir para a Bahia. A tropa de Aracaju segue, em um ônibus, para Salvador, onde a expectativa é receber todos os enviados até as 11h.

Preocupado, o governador disse que reza para que nada de ruim aconteça neste nono dia de paralisação. No entanto, o caos tomou conta da cidade nesta quinta-feira. Grupos saquearam lojas do comércio e fizeram com que quase todo o comércio fechasse as portas com medo do clima de insegurança.

Ainda não há estatística sobre o número de crimes ocorridos na capital baiana, já que quem cuida destes números é a Polícia Civil, que também está em greve. Há informações, não confirmadas, de que quatro pessoas teriam sido assassinadas em tentativas de assaltos a ônibus no centro da cidade.

O shopping Iguatemi, o maior da Bahia, com cerca de 650 lojas, foi invadido por cerca de 50 pessoas, que assaltaram clientes e lojistas. Depois do incidente, a administração do shopping fechou o estabelecimento. O mesmo aconteceu com os outros shoppings da cidade.

Além do comércio, cerca de seis bancos foram assaltados. Com isso, as agências encerraram o expediente por volta das 15h. O Banco Central determinou que as agências não abram suas portas nesta sexta-feira. A determinação segue até que a Secretaria de Segurança Pública garanta a ordem.

Escolas e universidades também fecharam as portas. O Sindicato dos Rodoviários paralisaram o sistema de transportes coletivos por volta das 16h30, devido ao crescente número de assaltos durante as viagens.

As principais emissoras de rádio de Salvador colocaram no ar avisos pedindo para que a população não saísse às ruas. O centro ficou praticamente vazio durante à tarde.

Em Vitória da Conquista, onde policiais não aderiram à greve, presos estão rebelados na Penitenciária Milton Gonçalves. Seis agentes penitenciários são mantidos como reféns desde a manhã de quarta-feira. Os presos protestam contra a demora da Justiça em liberar condenados que já cumpriram sua pena.

Os grevistas seguem aquartelados com todos os equipamentos do trabalho diário, farda, coletes à prova de balas e armas. Eles usam ainda máscaras tipo ninja para que não sejam reconhecidos. A categoria reivindica piso salarial de R$ 1.200 mil , reintegração de 68 militares e libertação de dois líderes do movimento que estão presos depois da tentativa de outros batalhões de acabar com a greve. Como contraproposta, o governo ofereceu reajuste de 14%.

Autorização — Após encontrar-se com o governador, o presidente telefonou para o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, que autorizou o emprego do Exército na Bahia. O ministro da Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, divulgou nota confirmando a operação.

Entretanto, enquanto o governo autorizava o uso das Forças Armadas, o Centro de Comunicação Social do Exército divulgou comunicado defendendo a busca de uma solução que evitasse o envio de militares, especialmente para Salvador.




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