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Supla se prepara para lançar CD independente
Por Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
08/09/2001 | 16:45
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Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy poderia hoje ser o melhor amigo do playboy e triatleta João Paulo Diniz. Além da idade semelhante, ambos nasceram em berço de ouro, jogaram pólo na infância e estudaram nas melhores escolas da capital. A diferença é que Eduardinho, como é chamado pela mãe, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, virou roqueiro e adotou o codinome Supla. Na verdade, o loiro oxigenado é muito mais.

Candidato a galã, modelo, ator, surfista, skatista, punk, Supla já se arriscou em diversas áreas. “Se tivesse de definir minha tribo, diria que está em aberto”, diz. Aos 35 anos e de volta ao Brasil e à mídia (depois de uma temporada de reclusão de seis anos e meio em Nova York), ele quer mais. Está mixando um CD independente, bancado por ele mesmo, que deverá ser lançado em outubro ou novembro, a preço popular. O Charada Brasileiro, como será chamado, contará com repertório de composições novas (dele mesmo) e regravações de antigos hits, como Garota de Berlim, Humanos e, claro, Green Hair, mais conhecida como Japa Girl, a mais pedida do programa Piores Clipes do Mundo, da MTV, apresentado por Marcos Mion.

Também sonha em apresentar um programa de TV e diz que o projeto está sendo analisado por Marlene Mattos. Em entrevista exclusiva ao Diário, Supla falou de tudo – do disco novo, do clipe que fará com Sérgio Mallandro, de política e da separação dos pais. Leia trechos a seguir:

Diário – Como está o projeto do novo CD?
Supla – Estou mixando. Acabei de voltar de Nova York, onde gravei no estúdio de um amigo norte-americano, o Kojak. O disco terá duas sonoridades, vou misturar hip hop com classic rock. O encarte também será muito louco. Quem está fazendo as fotos é o Bob Gruen, fotógrafo super-conceituado no meio, que já trabalhou com feras como Sex Pistols, The Clash e Led Zeppelin.

Diário – Adiante algumas faixas.
Supla – O Charada Brasileiro tem uma letra muito louca (risos). “Sou charada brasileiro/ Não me vendo por dinheiro/ Meu cabelo foi vermelho/ Já rodei o mundo inteiro/ Com você eu vou brincar/ E com certeza engambelar.” Tenho 22 faixas prontas, tenho de selecionar 13 ou 14. Outra legal é Qual É o seu Veneno?, sobre a corrupção na política. As baladas estão muito boas, como A Gente Sempre Quer Mais. A regravação de Green Hair terá uma parte em português. Canto também Humanos e Garota de Berlim, que foram meus maiores hits, em novas versões.

Diário – Você já tem gravadora?
Supla – Não, o disco será independente. Foi todo bancado por mim. Pra que eu preciso de gravadora? Pra me colocar em programa de TV? Sou o tipo de artista que não precisa de promoção para que o público tenha vontade de comprar os meus discos. Vai ser vendido em banca de jornal, com preço bem popular, pra todo mundo ter acesso. Se eu fechasse com uma gravadora gringa meu CD teria de custar R$ 25. A Sony quer relançar os discos do Tokyo. Não fechei porque quero a proposta de uma nacional, para que o preço final seja menor.

Diário – Você já tem algum clipe em mente?
Supla – Já (risos). É uma versão que fiz para Summertimes Blues em português, tirando sarro da TV. Como não tenho ainda os direitos para colocá-la no disco, vou lançar o clipe. Já tenho até um sujeito para me emprestar a câmera de 35mm. O roteiro: o Sérgio Mallandro, com a camiseta dos Ramones, apresenta o clipe com as mallandrinhas. Na cena seguinte, eu e meus colegas da banda estamos comendo pipoca em frente à TV e falando: “Que merda!” (risos).

Diário – Você conhece o Sérgio Mallandro?
Supla – É claro que não. Liguei pra ele na cara dura. Primeiro ele achou que era trote. Chamei ele pra fazer o clipe e ele topou. Só que ele não sabe do que se trata ainda. Mas do jeito que é aparecido, ele topa.

Diário – Qual é a sua relação com o Marcos Mion hoje? Vocês são amigos?
Supla – Não. É tudo improvisado e acho que se não fosse assim perderia a graça. Não somos amigos e não gostei quando ele falou que ele tinha me ressuscitado. Em primeiro lugar, porque eu nunca morri. O negócio é o seguinte: eu dei muito material pra esse rapaz trabalhar. E não preciso dele para que as pessoas me reconheçam na rua. Quando eu morava no Brasil, todo mundo sabia quem eu era. Dei uma sumida quando fui morar em Nova York. O programa dele não era visto por ninguém até exibir meus clipes. Mas ele tem talento e quando tira sarro de mim sei que ele me admira, que é uma coisa legal. Ele é meu fã, aprendeu meu jeito de falar, sabe as letras das minhas músicas.

Diário – Você não achou que apresentar e ganhar o prêmio de Pior Clipe do Mundo no Video Music Brasil foi marmelada?
Supla – Virei personagem dessa história, foi tudo brincadeira. E acho que Green Hair é um bom clipe, apesar de ser filmado num VHS safado, porque é honesto. Ridículo é ver Sandy e Junior naquele clipe (Enrosca) querendo ser punk. Green Hair foi filmado em Nova York, as meninas que aparecem são minhas amigas punks de lá, é muito mais interessante. Tem alma. Tudo que é independente tem alma.

Diário – Fale desses anos que você morou em Nova York.
Supla – Foi completamente underground. Vivi “the real deal” (o negócio real). Tocava numa banda de metal, punk e hardcore. O primeiro ano foi difícil, tocando em tudo quanto é lugar. Depois começamos uma turnê com o Ramones. Foi um aprendizado, busquei novos sons. Lá ninguém sabe quem é meu pai e minha mãe, mas sabem quem eu sou. Eu e minha moto maluca (uma Harley-Davidson), com meus amigos malucos. Mas foi um pessoal que aprendeu a me respeitar. As melhores bandas punk de Nova York me respeitam.

Diário – E a “bossa furiosa”, que você criou com a banda 2ZOO4U?
Supla – Ainda guardo esse material, é todo meu. Tenho umas dez músicas. Quero lançar isso, é o meu próximo projeto. Talvez use uma faixa em O Charada, chamada Tá Namorando.

Diário – Como surgiu o convite para a novela Um Anjo Caiu do Céu, da Globo? Você se considera ator?
Supla – Me considero ator, sou ator, claro. Entrei na novela pra dar ibope. O convite veio do Antônio Calmon, com quem já trabalhei em Sex Appeal.




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