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A quadrilha é brasileira?
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
12/06/2011 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


"Olha a cobra!". "É mentira!". Não precisa pensar muito para saber de onde essas frases vêm. O curioso é que elas não têm nada a ver com a origem da quadrilha, que é adaptação de várias danças europeias. No século 18, invadiu os grandes salões da França frequentados pelos ricos. Fez tanto sucesso que se espalhou pela Europa.

Chegou ao Brasil, com os europeus. Por aqui também conquistou os bailes da nobreza no século 19, no Rio de Janeiro. Em pouco tempo, chegou à população mais simples e ganhou características diferentes - música, instrumentos, roupas, passos - em cada região do País.

No Estado de São Paulo, por exemplo, está bastante ligada à figura do caipira. Por isso, nas cidades ainda é costume representá-la com calça remendada, camisa xadrez e chapéu de palha, no caso dos meninos; e vestido colorido, trança no cabelo e pintinhas no rosto, entre as meninas. Mas no Interior mesmo as pessoas vestem suas melhores roupas para dançá-la.

Já no Nordeste, a história é outra. A quadrilha, em geral, tem ritmo mais rápido e agitado. As roupas são muito bonitas e luxuosas, imitam as vestimentas dos nobres no passado. Grupos profissionais participam de grandes competições de dança. Uma das principais decide qual o melhor entre os nove Estados nordestinos. Aliás, a festa junina é a comemoração mais importante por lá.

Algo, no entanto, quase não mudou ao longo do tempo. Durante a apresentação, alguém sempre diz o que os casais devem fazer. Algumas frases até misturam francês com português, como "Anariê" (en arrière, para trás em francês), quando os casais se separam, e "Balancê" (balanceio), quando bailam e dão voltinhas no mesmo lugar.

 

Outras formas de bailar

Nesta época de festas juninas, outras danças são comuns em diferentes partes Brasil. A catira ou cateretê, por exemplo, chegou primeiro ao interior da região Sul, trazida pelos jesuítas. Mas também se popularizou no Sudeste e Centro-Oeste. Em geral, os homens se dividem em duas filas e acompanham a música e o som da viola, por meio de palmas e batidas de pés.

No Norte e Nordeste existe a tradição do Bumba-meu-boi ou Boi-bumbá. A lenda conta os apuros do marido para conseguir a língua de boi para a mulher grávida comer. O bicho morto era do patrão, que fica furioso mas, graças a um curandeiro, o animal ressuscita e todos ficam felizes. A história deu origem a Festa de Parintins, que acontece no fim deste mês no Amazonas. Em grande espetáculo, ocorre a disputa entre os bois Caprichoso (representado pela cor azul) e Garantido (de vermelho).

 

Mistura de várias danças

Como de costume, a quadrilha faz parte da festa junina da Emef Eda Mantoanelli, em São Caetano. Mas, neste ano, não é a única coreografia apresentada. Os alunos também dançam a catira (típica das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul), o maracatu (Nordeste) e os bois de Parintins (Norte).

"Não imaginava que existiam. Nunca tinha ouvido falar sobre elas", afirma Felipe Pinheiro Torres, 9 anos. Todas são chamadas danças regionais porque têm as características culturais de determinadas regiões brasileiras.

No começo, teve gente que torceu o nariz para a proposta e até pensou que apresentá-las seria o maior mico. Bastou os ensaios começarem para a opinião mudar. "Além de homenagem, é uma forma de preservar a cultura", diz Maria Eduarda Oliveira Marques da Silva, 9.

A turma já estava enjoada de dançar a quadrilha todos os anos, segundo Pierre de Lima Junior, 10. A classe dele é responsável pela dança dos bois de Parintins: Garantido e Caprichoso. O menino curtiu tanto o tema que pesquisou em livros do avô e na internet.

 

Fonte: Festas Juninas, Festas de São João - Origens, Tradições e Histórias, de Lúcia Helena Vitalli Rangel




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