Economia Titulo Seu bolso
Juro ao consumidor
é o maior desde 2012

Perspectiva de alta do desemprego e da
inadimplência contribui para elevar a taxa

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/08/2014 | 07:04
Compartilhar notícia
Divulgação


A taxa de juros para o consumidor atingiu, no mês passado, o maior patamar dos últimos dois anos. Na média, ficou em 6,05% ao mês, ligeiramente acima (0,33%) do registrado em junho. É o que aponta pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgada ontem.

Entre as modalidades de crédito, a que teve a maior alta (de 2,81%) foi o financiamento de automóveis por parte dos bancos, que passou de 1,78% para 1,83% ao mês em julho. Esse é o nível mais elevado desde junho de 2012. Os juros do comércio (para 4,66%) e do cheque especial (8,34%) também subiram. Por sua vez, o empréstimo pessoal dos bancos (3,45%) e o cartão de crédito ficaram estáveis, mas esta última linha está com o maior patamar (10,7%) desde maio de 2000.

O comportamento das taxas reflete a perspectiva de baixo crescimento econômico do País e de elevação do desemprego, o que amplia o risco de alta da inadimplência, assinala o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. Isso apesar de o percentual de contas em atraso ter se reduzido em julho (estava em 7,6% em junho e foi a 5,6% no mês passado), de acordo com o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

“As expectativas mudaram”, diz o professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato. Segundo ele, com a avaliação de que o PIB (Produto Interno Bruto) crescerá bem pouco em 2014, o crédito tende a ficar mais caro, até pelo maior risco de os consumidores não honrarem o pagamento, por causa de possíveis demissões.

Honorato cita que esse é um ciclo de possível recessão, em que as empresas investem menos, com a perspectiva de menor consumo, e a população retrai a demanda, com medo de perder o emprego. Em relação ao financiamento de automóveis, ele explica que o preço do carro é relativamente elevado, o que faz a cautela ser ainda maior tanto por parte das empresas quanto dos clientes pessoa física. Com isso, os bancos ‘precificam’ eventual elevação da taxa de inadimplência.

SELIC - Embora o aumento dos juros tenha ocorrido em momento em que a Selic (juros básicos da economia) permanece em 11% ao ano, para o professor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Volney Golveia, a nova elevação das taxas na ponta, ao consumidor, ainda é efeito da política de aperto monetário, por parte do Banco Central.

Ao longo deste ano, a taxa básica, que é usada nas aplicações feitas pelas instituições financeiras em títulos públicos federais, teve diversas elevações. “Impacta na operação de investimentos das empresas e no consumo. É uma forma de combater a inflação. Essa política de aumentar os juros trava a dinâmica da economia.”

As perspectivas para o fim do ano não são das melhores, diz Honorato. “A gente vê que o governo, em ano eleitoral, tem gastos relativamente altos.” Já Oliveira considera que as taxas na ponta tendem a ficar estáveis, pois os bancos estão mais seletivos – a não ser que haja forte alta da inadimplência, pondera o dirigente da Anefac.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;