A CPI do Narcotráfico, instalada no Espírito Santo, pretende tomar, nesta quarta-feira, o depoimento de oito testemunhas na parte da manha e outras cinco à tarde. Nao há horário para o encerramento das atividades, que devem estar concluídas até a noite desta quinta-feira. O relatório final da situaçao no Espírito Santo deve estar concluído no próximo dia 5 de maio e o relatório de todos os Estados deve ser entregue em 5 de junho.

Nessa terça-feira, logo após a sua instalaçao no auditório do Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes), os deputados que integram a CPI tomaram dois depoimentos. O do presidente da OAB/ES, Agesandro Costa Pereira, e o do empresário Alberto Ceolin, preso no último sábado, em Marabá (PA). Ele é acusado de envolvimento com a morte do ex-prefeito da Serra, José Maria Feu Rosa.

O presidente da OAB/ES apresentou documentos sigilosos ao coordenador da CPI, deputado Fernando Ferro (PT/PE), e disse à imprensa que eles corroboram a existência do crime organizado, do tráfico de drogas, de influência e corrupçao entre empresários, políticos, administradores e o judiciários capixaba. E que nao podia revelar nomes, pois alguns envolvidos, além de influentes, corriam risco de vida.

Já o empresário Alberto Ceolin, irmao do ex-deputado federal Pedro Ceolin negou qualquer envolvimento com a morte do ex-prefeito José Maria Rosa, ocorrido na Bahia em 1990, ou com o ex-prefeito Adauto Martinelle e o empresário Toninho Roldi, também denunciados pelo crime.

Ceolin surpreendeu os participantes da CPI ao afirmar que, se queriam obter informaçoes sobre o crime organizado no Espírito Santo, deviam indagar o governador José Ignácio Ferreira (PSDB/ES), o senador Gerso Camata (PMDB/ES) e o ex-senador e ex-ministro da Defesa Élcio Alvares.

O deputado Fernando Ferro, em entrevista ao programa Bom Dia Espírito Santo, na TV Gazeta, na manha desta quarta-feira, disse que nao pretende convocar os três citados por Ceolin para prestarem depoimento, mas que o assunto certamente será objeto de investigaçao pelo Ministério Público. Ele considerou a denúncia como "uma tentativa de deslocar o eixo das investigaçoes". O deputado teceu críticas ainda ao presidente da Assembléia, José Carlos Gratz, dizendo-se surpreso com a sua omissao dos fatos, já conhecidos de todos, e descartou o relatório apresentado pela CPI Estadual do Narcotráfico, que "nao é o que queremos".