Cultura & Lazer Titulo Montagem
Nelson Rodrigues fundamental
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
09/05/2009 | 07:00
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O diretor Gabriel Villela é incansável. Mal encerrou temporada de Calígula, estreia amanhã montagem do clássico Vestido de Noiva, no Teatro Vivo, em São Paulo. Se no espetáculo anterior o mineiro tinha Thiago Lacerda à frente do elenco, no atual continua com estrelas globais: Leandra Leal e Marcello Antony. Vera Zimmermann completa o triângulo amoroso da trama escrita por Nelson Rodrigues que revolucionou a dramaturgia do País há 66 anos. O espetáculo tem pré-estreia hoje, às 21h30.

O elenco secundário conta com colaboradores frequentes do diretor, como Pedro Henrique Moutinho, Rodrigo Fregnan e Cacá Toledo, que estiveram na peça anterior e também em Salmo 91. Vera também havia trabalhado com o diretor em três ocasiões anteriores. Leandra, que vive a protagonista Alaíde, e Antony, intérprete de Pedro, o marido, receberam convite do produtor do espetáculo, Cláudio Fontana, à época em que o trio dividia o set da novela global Ciranda de Pedra.

Para Leandra, a proposta significou uma overdose inaugural do universo rodriguiano, já que nunca havia encarnado um dos tipos do dramaturgo. No ano passado, viveu a lendária Ritinha na nova versão cinematográfica de Bonitinha, mas Ordinária, dirigida por Moacyr Góes, e atualmente em pós-produção. "Foi uma coincidência boa. Mas, ao contrário de Alaíde, Ritinha tem toda uma possibilidade de existência", compara.

Para Antony, a proposta também caiu como uma luva. Nos últimos tempos, emendou um folhetim ao outro. Depois do término de Ciranda de Pedra, em que viveu par com Ana Paula Arósio, buscava um texto teatral para produzir, mas não encontrou nada que o agradasse. "Espero passar todo o ano de 2009 com o Vestido de Noiva", anima-se. "O texto é absurdamente atual, mexe com os costumes. Temos de privilegiá-lo."

TRÊS PLANOS - O texto de Nelson Rodrigues começa quando Alaíde, que vive o drama de descobrir que a irmã (Vera) tem um caso com o marido, é atropelada. Enquanto a mulher agoniza no meio-fio, se desenrola a trama, misturada em três planos: o da memória, o da alucinação e o da realidade.

Até hoje, essa particularidade do texto - inédita até então no teatro brasileiro - era resolvida cenograficamente tendo como referência a montagem pioneira de Ziembinski, que com a ajuda dos cenários demarcava bem cada momento.

Villela, que tem cenografia assinada por J. C Serroni, não faz uso desse recurso para delimitar as passagens de plano. Essa responsabilidade recai sobretudo sobre o elenco. "Basta uma quebra da fala do ator, um movimento, um jogo de luz, para que o público entenda o momento", diz o diretor, que descreve o cenário de sua montagem como uma cripta. "É como se uma pessoa entrasse num lugar esperando encontrar a capelinha de São João Batista e desse de cara com um baile horrível", diverte-se.

Vestido de Noiva - Teatro. Pré-estreia hoje, às 21h30. Até 5 de julho. 6ª e sáb., às 21h30; dom., às 19h (a partir de junho, também 5ª, às 21h30). No Teatro Vivo - Av. Chucri Zaidan, 860, São Paulo. Tel.: 7420-1520. Ingr.: R$ 60 (6ª, dom. e 5ª, a partir de junho) e R$ 70 (sáb.).




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