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Campanha alerta sobre importância de ácido fólico
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
08/09/2012 | 07:00
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Divulgação


Muitas mulheres não sabem, mas a ingestão do ácido fólico em doses recomendadas antes da gravidez reduz em até 75% o risco de a criança nascer com doenças do tubo neural, estrutura que envolve todo o sistema nervoso central, da cabeça à coluna.

As enfermidades são a espinha bífida, também chamada de mielomeningocele, e a anencefalia. A primeira é a má-formação da coluna vertebral e a segunda, ausência de parte do cérebro. Os defeitos do tubo neural acometem uma criança a cada 1.000 nascimentos.

Pensando na falta de conhecimento das mulheres e médicos de todo Brasil, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) lançou no fim de agosto campanha nacional para reforçar a importância de tomar o suplemento no período recomendado. A dose ideal diária é de 400 microgramas.

Segundo pesquisa feita pela entidade com 494 mulheres, entre usuárias de planos de saúde e do SUS, 58% (286) delas engravidaram sem planejar e 13,8% (68) receberam orientação e usaram a substância. Do total, apenas 3,8% das mulheres tomaram o suplemento na dose recomendada.

"Os problemas causados pela falta do ácido fólico são graves, mas conseguimos prevenir com comprimidos que custam só R$ 0,50 por dia e evitam doenças de alta morbidade", explica o presidente da Comissão Nacional Especializada em Perinatologia da Febrasgo, Renato Sá.

A sobrevida em caso de anencefalia é praticamente nula. Já os portadores de mielomeningocele têm lesões motoras, dificuldade para comer e maior risco de contrair infecções.

Dentro do organismo, o ácido fólico participa da divisão das células. As mulheres precisam do suplemento no momento da gestação porque o embrião tem multiplicação celular altíssima. De acordo com especialistas, ainda não se sabe o porquê de algumas mães apresentarem o problema e outras não.

O suplemento, que é encontrado na vitamina do complexo B, está presente em alguns alimentos, mas não é possível descartar os comprimidos. Brócolis, couve e outros vegetais de cor verde-escuro não contêm a quantidade necessária do substrato para prevenir doenças.

Para difundir a importância dessa recomendação, a Febrasgo começou a distribuir para médicos das redes pública e particular de todo País manuais com informações sobre a técnica. As mães também poderão retirar o material, gradativamente, em postos de Saúde e hospitais. O conteúdo pode ser visualizado no site www.febrasgo.org.br.

Mãe só descobriu patologia após o parto

A dona de casa Aderli dos Santos Dorazi, 30 anos, moradora de São Bernardo, recebeu a recomendação médica para tomar o ácido fólico quando já havia completado três meses de gestação. "Não sabia o que era isso e nem para o quê servia", diz.

O ideal, segundo especialistas, é começar a ingerir os comprimidos três meses antes de engravidar e seguir até o terceiro mês de gestação. A medida é indicada para evitar má-formação do tubo neural da criança. No caso de Ícaro dos Santos Dorazio, 7 anos, o uso do suplemento tardiamente não amenizou as deficiências. Ele nasceu com mielomeningocele, mais conhecida como espinha bífida, que causa má-formação da coluna vertebral.

Os primeiros cinco anos foram vividos no Hospital Municipal Universitário, no Rudge Ramos. A criança contraiu 29 pneumonias e muitas infecções. Hoje, não fala, não anda e tem movimentos mínimos. Há dois anos, a mãe conseguiu transferi-lo para casa por meio do PID (Programa de Internação Domiciliar) da Prefeitura. O médico realiza visitas semanalmente.

O único ressentimento da mãe é relativo ao atendimento que recebeu no posto de Saúde da Vila Assunção, há pouco mais de sete anos, quando fazia o pré-natal. "Sei que tinha como identificar antes. Não havia como curar a patologia, mas os médicos poderiam se preparar melhor para o parto. Todos souberam na hora e foi um susto", relata.

Apoiada no desejo de ajudar outras mães na mesma situação, Aderli criou a instituição Sonhos de Ícaro, que conta com psicólogos, fisioterapeutas e outros profissionais especializados. Informações pelo telefone 4930-4957.




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