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Daee limpa somente um piscinão em dois meses
Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
20/02/2016 | 07:00
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Embora tenha renovado no início de dezembro, por mais 12 meses, contrato no valor de R$ 33,1 milhões para limpeza de 25 piscinões da Região Metropolitana de São Paulo, sendo 19 na região, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) ainda encontra dificuldades para executar serviços de manutenção em reservatórios. Informações repassadas pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC apontam que, prestes a completar três meses da assinatura do convênio, somente o piscinão do Jardim Capuava, em Mauá, teve seus trabalhos iniciados.

Ao todo, o contrato firmado com a empresa DP Barros Pavimentação e Construção Ltda prevê a limpeza de dez piscinões em São Bernardo, quatro em Mauá, três em Diadema, um em Santo André e um em São Caetano, além de outros seis na Grande São Paulo. Entretanto, os reservatórios enfrentam cenário de abandono. O fato interfere diretamente nas condições de combate às enchentes.

Em Mauá, por exemplo, o piscinão do Paço Municipal deixou evidente nesta semana os impactos da falta de manutenção. Na segunda-feira, bastaram três horas de chuva para que o reservatório transbordasse e inundasse toda região central do município. No local, a vegetação alta e grande quantidade de sedimento têm prejudicado desde o ano passado a eficiência no combate a alagamentos.

O Diário chegou a solicitar entrevista com representante do Daee para repercutir a demora na execução dos trabalhos, entretanto, o pedido foi recusado.

Em nota, o departamento estadual informou que, ao contrário do que afirmou o Consórcio, foi concluída em janeiro a limpeza dos piscinões do Paço Municipal de Mauá – justamente o que transbordou nesta semana – Demarchi e Canarinho, ambos em São Bernardo.

Além disso, em reunião realizada com prefeitos da região na quinta-feira o superintendente do Daee, Ricardo Borsari, comprometeu-se a executar nos próximos 30 dias serviços em oito piscinões preestabelecidos por gestores municipais.

Na visão do especialista em infraestrutura urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Gilson Lameira, as falhas encontradas na manutenção de piscinões da região são crônicas. “Todo ano é a mesma coisa. Eles começam a executar os trabalhos justamente em períodos chuvosos. É quase impossível fazer uma limpeza eficiente nesta época. Aliás, o ideal seria que em dezembro todos os piscinões já estivessem limpos. Assim teríamos reservatórios 100% preparados para os temporais”, avalia.

Para o especialista, o Estado tem tratado o tema com descaso. “Não tem justificativa. O Daee vem auxiliando os municípios há anos com a limpeza dos reservatórios. Então por que eles não antecipam o período de licitação para iniciar essa manutenção em agosto, por exemplo?”, questiona.

Apesar das evidências em contrário, segundo o Daee, todos os piscinões estão “plenamente operacionais”. De acordo com o departamento, “ocorre que a cada vez que o piscinão é utilizado, a água das chuvas carrega enorme quantidade de resíduos, originária de áreas desmatadas e lixo depositado nas ruas e córregos dos municípios que não foi removido pelas Prefeituras, o que causa assoreamento. Por isso, o trabalho deve ser realizado nesta época.”

Desde 2011, o governo do Estado vem auxiliando municípios da Região Metropolitana de São Paulo com dificuldades de orçamento na manutenção de seus piscinões. Somente nos últimos dois contratos foram destinados mais de R$ 78,1 milhões para a limpeza de 25 reservatórios.




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