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De São Caetano à Copa pela Rússia

Revelado no Azulão, Mário Fernandes se naturaliza e integra pré-lista ao Mundial dos donos da casa

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
20/05/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O Brasil terá aproximadamente 209 milhões de torcedores pela Seleção de Tite, Neymar e companhia durante a Copa do Mundo, mas uma família de São Caetano virou a casaca por um bom motivo e vai reforçar a torcida da anfitriã Rússia. Isso porque o polivalente Mário Fernandes, 27 anos, nascido na cidade e cria da base do Azulão, está na lista dos 28 jogadores pré-convocados pelo técnico Stanislav Cherchesov para defender o selecionado da casa no Mundial, a partir de 14 de junho – o primeiro compromisso será contra a Arábia Saudita. Para orgulho da mãe, Marisa Figueira, e do irmão, Jô Fernandes, este recém-aposentado do futebol.

“Não vou estar lá, mas vou torcer para a Rússia, torcer para ele fazer bons jogos, boa Copa. Vai ser muito bom para ele”, diz a mãe. “(Torcida) Primeiro para a Rússia, depois para o Brasil”, posiciona-se Jô, que pensa, inclusive, em decorar o bairro Olímpico, onde ele e o irmão cresceram, com as cores da seleção russa – coincidentemente, o mesmo azul e vermelho do time da cidade, o São Caetano, cujo Estádio Anacleto Campanella fica a 200 metros da casa do tio da dupla, Rubens. “Quando a gente era menor, pintava (a bandeira do Brasil) na esquina. A cabeleireira dava dinheiro para a gente comprar as tintas e a gente pintava. Agora é fazer uma da Rússia”, sugere.

Ídolo do CSKA Moscou, pelo qual soma 201 jogos e dois gols desde 2012, Mário Fernandes se naturalizou russo em 2016, alcançando um feito e tanto: a oportunidade de vestir as camisas de duas seleções. Afinal, em 2014, chegou a ter uma chance de defender o Brasil em amistoso contra o Japão – vitória por 4 a 0. Por outro lado, ficou marcado por recusar convocação de Mano Menezes para a Copa Roca de 2011, contra a Argentina, quando ainda defendia o Grêmio.

Hoje, o são-caetanense soma cinco partidas pela seleção da Rússia (quatro oficiais) e tem total confiança do treinador. “É um dos jogadores importantes da nossa seleção e estou feliz por contar com ele”, disse Cherchesov, em março. Assim, é considerado nome certo entre os 23 que disputarão a Copa do Mundo. “O Mário se naturalizou porque foi onde se encontrou, onde mudou a vida dele, ficou tranquilo. Ele gosta disso, de paz. Aqui no Brasil é muita brincadeira em vestiário e lá é mais o perfil dele. Deve muito à Rússia por ter mudado a vida dele”, explicou Jô, que, com sorriso no rosto, segurava uma figurinha com o rosto do irmão.

Tanto Mário quanto Jô iniciaram no futsal do Serc Santa Maria. “Era a alegria deles”, relembra dona Marisa. “O Mário só queria saber de bola, não fazia outra coisa, vivia com ela debaixo do braço. Era atacante, pivô no futsal, sempre foi de fazer gols, depois que foi recuando”, completa o caçula, que enxerga o irmão no papel de pai. “Ele não mede esforços para ajudar, dá conselhos, opinião. Até mesmo às pessoas do bairro. O que precisam dele, seja alimento, hospital, vejo ele fazendo. Algo incrível.”


Familiares tentam deixar para trás o sumiço em 2009

O dia 16 de março de 2009 ficou marcado na carreira de Mário Fernandes. Na ocasião, recém-chegado ao Grêmio vindo dos juniores do São Caetano, ele sumiu. A história até hoje não tem explicação – fala-se em depressão ou saudades de casa.

“Até hoje a gente não sabe, ele não é muito de falar”, afirma o irmão, Jô. “A gente que é mãe, saber que o filho de repente sumiu, não foi fácil”, completa dona Marisa.

Mas aquele caso ficou no passado e atualmente, além de CSKA e Rússia, Mário tem projeto com o irmão: o Brothers MJ, time que por ora disputa competições de futebol society, mas tem planos ambiciosos para trabalhar com crianças e jovens, e até disputar campeonatos de várzea na cidade. 




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