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William, capitão da 'Geração de Prata'
Por Bianca Daga
Especial para o Diário
24/05/2010 | 07:09
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Quem não se lembra da Geração de Prata do vôlei brasileiro formada por craques como Renan, Bernard e Xandó? Mas o grande nome desse grupo foi um ex-jogador do time da Pirelli, de Santo André: William Carvalho da Silva, que ao lado de outro companheiro, Montanaro, popularizou o saque Viagem ao Fundo do Mar.

Não é à toa que o ‘capitão', como era conhecido, orgulha-se de ter feito parte dessa turma. Hoje com 55 anos, 42 deles dedicados ao vôlei, o ex-líbero da Seleção Brasileira tem muitos títulos para contar. Só para citar alguns, foi oito vezes campeão paulista pela cidade andreense (de 1981 a 1988) e três vezes ouro nos Jogos Sul-Americanos (1975, 1977 e 1979) com a camisa verde-amarela. Mas o auge mesmo foi marcado pelo segundo lugar no Mundial da Argentina, em 1982, e pela famosa e inédita medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles, em 1984.

Foi graças a essa geração que o vôlei brasileiro tornou-se mais agressivo e emocionante e começou a trilhar o caminho de sucesso para chegar ao que é hoje. "Tenho muito orgulho. Não pela medalha em si, mas pelo que significamos para o vôlei no País. Até então, só se pensava no futebol. Com tudo o que fizemos, o vôlei e o esporte amador em geral se popularizaram. Essa foi nossa maior conquista", lembrou William.

E não foi só no vôlei que William fez sucesso. Também nos anos 1980, ele arriscou-se como editor da Revista Saque, especializada em vôlei, e como cantor, quando gravou a música As noviças do Vício, com a cantora Rita Lee. Quando encerrou sua carreira de jogador, começou sua história como treinador no Grande ABC e, como provavelmente não seria diferente, também colecionou títulos logo de cara como a Superliga 1997/1998 por São Bernardo e a Superliga 1998/1999 pela Uniban.

A partir do próximo semestre, William comandará pela segunda temporada consecutiva a equipe do Vôlei Futuro, onde está outro de seus orgulhos: a filha e também jogadora Stephany. "É muito gostoso vê-la no vôlei. Só temos que saber separar pai e filha, de técnico e jogadora, e conseguimos fazer isso muito bem. E quando estamos fora de quadra, nada de falar de vôlei", contou William, que hoje reveza sua vida entre Santo André e Araçatuba.

Para o ex-capitão da Seleção Brasileira, ser técnico é mais difícil do que jogar, por não dar a oportunidade de resolver um jogo com as próprias mãos. "Como jogador você só depende de você mesmo, pode resolver em quadra, na prática. Como treinador tem que ficar pensando em estratégia e entender a cabeça das jogadoras. Ainda mais trabalhando com mulher, lidar com 15 ou 16 TPMs é complicado", brincou.

Seja dentro de quadra ou fora dela, William não pensa em se livrar do vôlei tão cedo, por tudo o que o esporte lhe ensinou e proporcionou. "O vôlei para mim foi tudo. Conheci diversos países, aprendi a trabalhar em grupo e me virar sozinho, já que saí de casa aos 16 anos para jogar em Santo André. Também cresci como pessoa e me tornei mais disciplinado. Vou ser técnico até quando der e, quando não der mais, viro dirigente ou qualquer outra coisa que me permita continuar, porque faço com prazer", concluiu.


Vôlei de Santo André desperdiçou estrelas do passado

O atual time masculino de vôlei de Santo André está longe de ser bom como era o grupo formado por William e outros ícones, que conquistou oito títulos paulistas, de 1981 a 1988. Na Superliga 2009/2010, a equipe comandada por Marcelo Madeira terminou como 10ª colocada, não chegando nem à fase dos play-offs.

Para William, o vôlei na cidade não manteve o alto nível porque desperdiçou muitos jogadores da sua época, em vez de convidá-los para colaborar com o esporte no município. "Minha grande mágoa é nenhuma administração de Santo André até hoje ter pedido apoio para mim e outros grandes nomes que jogaram aqui, como o José Roberto Guimarães (técnico da Seleção Brasileira feminina). Será que, com tanta experiência, não tínhamos como contribuir? Triste para nós, mas pior para o vôlei da cidade, que está do jeito que está."

Mas se Santo André, que já foi chamada de capital do vôlei, ignorou o craque, São Caetano e São Bernardo o receberam de braços abertos. William comandou o time são-caetanense de 1994 a 1996 e foi campeão da Superliga Masculina 1997/1998 por São Bernardo.




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