Política Titulo Sucessão no Estado
S.Paulo não quer esperteza ou arrogância, diz Alckmin

Confirmado como candidato à reeleição no
Estado, tucano sobe tom de críticas a adversários

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
30/06/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


“São Paulo não quer contabilidade criativa. Não quer esperteza ou arrogância. Quer eficiência e seriedade”. Confirmado ontem como candidato à reeleição ao governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) mostrou que vai contragolpear críticas da oposição à sua gestão, principalmente os questionamentos de petistas.

Ao lado de lideranças tucanas como o presidenciável Aécio Neves e o ex-governador José Serra, Alckmin também não poupou a administração nacional de Dilma Rousseff (PT). Afirmou que o petismo adotou política forçando dependência das cidades à União – “não é bom ver municípios com pires na mão” – e optou por fazer governo concentrado em Brasília – “gestão centralizada não funciona em País continental.”

O governador de São Paulo buscará o quarto mandato com arco de alianças de 15 partidos e terá o PSB como vice (leia mais abaixo). A coligação foi ratificada ontem, em evento partidário no Centro de Exposições Imigrantes, na Zona Sul da Capital.

Se eleito, manterá hegemonia tucana, que há 20 anos administra o Estado mais rico do País. Ele terá como principais adversários o presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf (PMDB), e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT).

Para se posicionar diante dos rivais nas urnas, recorreu ao legado do tucanato no Estado, iniciado em 1995 por Mário Covas (morto em 2001). “Para a gente não houve atalhos, não teve ‘jeitinho’. Não tem ‘jeitinho’ na Educação, na Saúde, na Segurança pública ou na vida pública.”

Alckmin fez resgate da história de São Paulo, desde a chegada do padre José de Anchieta ao Brasil para fundar a Capital. E, principalmente, recorreu à tradicional postura paulista voltada ao trabalho, atitude essa que, segundo ele, ajudou “muito o Brasil a ser grande.”

SEPARAÇÃO
Tucanos que discursaram na convenção explicitaram estratégia de descolar os governos do PSDB em São Paulo das administrações do PMDB, até 1994. Vídeo apresentado antes da fala de Alckmin indicou que Covas herdou o Palácio dos Bandeirantes “em estado de abandono.”

“Há 20 anos, pegamos o Estado com dívida equivalente a 2,2 vezes à receita (do Executivo estadual). Com trabalho, reduzimos o índice para 1,4 vez a receita. É o menor índice do País. Nosso legado está aí, para quem quiser ver”, argumentou Alckmin.

O PMDB terá candidato próprio e que segue mote de críticas ao PSDB, diferentemente do que era visto quando o ex-governador Orestes Quércia (morto em 2010) liderava a sigla. O partido foi o último a governar o Estado antes da hegemonia do tucanato paulista, com Luiz Antônio Fleury Filho.

AÉCIO
Aécio endossou coro de críticas à atuação do PT no governo federal. Entre questionamentos sobre forma de governo, o presidenciável tucano disse que muitos petistas estão na vida pública “para ascensão social e econômica.”

PSDB tenta convencer Serra ao Senado

A alta cúpula do PSDB se reúne hoje para tentar convencer o ex-governador José Serra a disputar cadeira no Senado. No sábado, Serra comunicou sua vontade em ser candidato a deputado federal, ocupando missão de puxador de votos da legenda.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, quer Serra como nome na concorrência ao Senado. Entende que a trajetória política do correligionário o credencia no embate direto contra Eduardo Suplicy, senador pelo PT e que brigará para renovar o mandato.

Ex-governador, ex-prefeito da Capital e candidato duas vezes à Presidência da República (em 2002 e 2010), Serra afirmou a aliados que não gostaria de concorrer contra Suplicy porque o petista tem eleitorado cativo para senador.

Sua visão política é a de que há mais possibilidades de ele ser o mais votado do PSDB para a Câmara Federal e tentar ampliar a bancada tucana paulista no Legislativo nacional – atualmente são 13 deputados federais pelo Estado, entre eles o ex-prefeito de São Bernardo William Dib, que não buscará reeleição e pode sair do PSDB.

Em 2006, Suplicy recebeu 8.986.803 votos, em duelo equilibrado contra Guilherme Afif Domingos (então no PFL, atualmente no PSD), que conquistou 8.212.177 de adesões.

ALTERNATIVA
Caso Serra não mude de opinião, o PSDB apoiará José Aníbal, ex-secretário de Energia do governo paulista e atualmente deputado federal. Aníbal tentou ser candidato a prefeito de São Paulo em 2012, mas teve de recuar após Serra decidir concorrer ao Executivo paulistano (ele perdeu para o petista Fernando Haddad no segundo turno).

A definição (com devidas documentações de toda a chapa) tem de ser encaminhada hoje ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Márcio França é escolhido para a vice

Depois de oferecer o posto para o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab para atrair o PSD à sua coligação e ver o pessedista migrar à candidatura de Paulo Skaf (PMDB) ao Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu que o deputado federal e ex-prefeito de São Vicente Márcio França (PSB) será seu vice na tentativa de reeleição ao Estado, em outubro.

Alckmin não confirmou oficialmente a escolha durante a convenção que o homologou como candidato ao Palácio dos Bandeirantes, porém avisou a indicação para lideranças tucanas nos bastidores do evento. O anúncio oficial sai hoje, quando a legenda terá de encaminhar a documentação da coligação para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Presidente do diretório estadual socialista, Márcio França foi o principal fiador da aliança do PSB com Alckmin em São Paulo. A decisão da cúpula paulista irritou a ala ligada à Rede Sustentabilidade, organização que tem como expoente a ex-senadora Marina Silva (PSB).

Candidata a vice na chapa presidencial do PSB, encabeçada por Eduardo Campos, Marina queria ver o partido com nome próprio na corrida eleitoral do Estado. Houve, inclusive, princípio de racha no PSB.

Márcio França foi secretário de Turismo por dois anos no governo Alckmin e já havia sido especulado para ser vice do tucano em 2010 – foi preterido por Guilherme Afif Domingos. Com a ida de Afif ao PSD, e posteriormente à Secretaria da Micro e Pequena Empresa no governo de Dilma Rousseff (PT), França ganhou força para dividir chapa com o governador.

Alckmin tentou nas últimas semanas convencer Kassab a ser seu vice para manter o PSD no arco de alianças e, assim, ampliar possibilidade de vitória no primeiro turno. Mas o ex-prefeito paulistano anunciou na sexta-feira que iria apoiar Skaf.

Lideranças regionais exaltam legado

Principais lideranças do Grande ABC que defenderão a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em outubro afirmaram que o tucano conseguirá neutralizar o discurso da oposição por renovação no Estado ao apresentar legado dos 20 anos de PSDB à frente do Executivo paulista.

“O governo do PSDB tem o que mostrar. Não à toa a população de São Paulo o elegeu cinco vezes”, disse o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, José Auricchio Júnior (PTB), citando as vitórias tucanas nos pleitos desde 1994 – no período, o Executivo paulista foi comandado por Mário Covas, Alckmin e José Serra.

Auricchio destacou também que a cartela de trabalho de Alckmin em São Paulo será pilar que sustentará a campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB). “Claro que Minas Gerais tem sua importância no projeto do Aécio (Estado onde o presidenciável foi governador por dois mandatos), mas o modelo exitoso em São Paulo, chefiado pelo Geraldo Alckmin, será vitrine.”

“Inovação será a pauta, até porque os últimos quatro anos do Alckmin foram focados em projetos de inovação. Ele começa a campanha admitindo a permanência do PSDB há 20 anos. Não vamos esconder. Principalmente mostrar que o povo de São Paulo tem dado ‘sim’ ao PSDB nas duas décadas”, avaliou o deputado estadual Orlando Morando, que durante parte do mandato do governador exerceu a liderança do tucanato na Assembleia.

Para o também deputado estadual Alex Manente (PPS), Alckmin não tem de se preocupar em reduzir o discurso da oposição, até porque “a avaliação do governo é extremamente positiva”. “O governador é favorito para a eleição. Ele tem capacidade de inovar a administração e de liderar essa trajetória de conquistas e avanços.”




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