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Secretário de Diadema
agride repórter do Diário

Titular da Saúde, José Augusto se irritou ao ser
questionado sobre saída de médicos da rede pública

Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
18/12/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O secretário municipal de Saúde e ex-prefeito de Diadema, José Augusto da Silva Ramos (PSDB), agrediu na tarde de ontem o repórter do Diário Fábio Munhoz, após evento no Quarteirão da Saúde. O tucano ficou irritado ao ser questionado sobre a falta de médicos na cidade. Antes da confusão, seguranças particulares tentaram impedir a entrada de outros jornalistas ao auditório do hospital.

Após o encerramento da 8ª Conferência Municipal, o repórter Fábio Munhoz cobrou do secretário explicações sobre a saída de 82 médicos da rede municipal desde o início do ano. Profissionais ouvidos pelo Diário afirmaram que pediram demissão em razão da truculência de José Augusto contra os funcionários da Pasta. O secretário processa judicialmente cinco deles.

O secretário, então, tentou impedir que o jornalista deixasse o auditório, segurando a porta metálica e empurrando-a contra o repórter. O tucano utilizou os braços e segurou a mão de Munhoz para tentar impedir seu acesso ao saguão do complexo hospitalar, que é público. Todo o diálogo foi gravado e a cena foi registrada.

Mesmo sendo o responsável pela Saúde no município, o ex-prefeito se recusou a falar sobre o assunto. “Eu não tenho nada (a dizer). Você pergunte à Secretaria de Comunicação.” Em seguida, o tucano afirmou que acompanharia um dos palestrantes até a saída e que voltaria para falar com a imprensa. A promessa, no entanto, não foi cumprida.

José Augusto já havia criado tumulto durante o evento. Grupo de conselheiros municipais de Saúde ligados a movimentos sindicais protestava contra a forma como a Prefeitura realizou a atividade. “Como isso pode ter o nome de conferência se nenhuma deliberação foi feita? Não houve, sequer, aprovação de ata”, comentou Almir Rogério da Silva, um dos conselheiros. Outra crítica foi a falta de divulgação do encontro. Nem mesmo funcionários do hospital sabiam que a agenda estava marcada para ontem.

Aos gritos, o secretário fez críticas ao grupo e afirmou que as manifestações tinham objetivo político. “Esse pessoal é assim mesmo. São pessoas que só querem obstruir.” Ainda exaltado, José Augusto sugeriu que quem estivesse imóvel aprovaria o regimento. Poucos segundos depois, determinou a aprovação das condições preestabelecidas.

Durante o discurso, o titular da Pasta falou sobre o problema da falta de profissionais da Saúde no município. “Isso se dá em cima do mercado. A maioria das cidades paga hoje um salário muito maior do que Diadema paga. E Diadema não tem condições de fazer essa inversão. Esse é um limite que vamos ver como superar. Mas vamos ter que ter compreensão maior.” O secretário também cobrou aumento no volume de investimentos por parte do governo federal.

A assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou na noite de ontem que iria conversar com o secretário para apurar o ocorrido e “prestar as devidas orientações aos funcionários municipais envolvidos no sentido de atender” os jornalistas.

Pacientes sofrem com a falta de profissionais

A rede pública de Saúde de Diadema encontra-se em estado crítico. Após o pedido de exoneração de 82 médicos, os pacientes da cidade sofrem para conseguir atendimento. A equipe do Diário percorreu 13 equipamentos da Pasta na semana passada e acompanhou de perto a dificuldade dos usuários.

Nas dez UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município visitadas pela equipe de reportagem, é difícil agendar consulta por conta do quadro clínico reduzido. Com isso, as alternativas para os munícipes são o Hospital Municipal de Piraporinha e o Quarteirão da Saúde, que estão sobrecarregados e registram longas filas de espera. A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) também enfrenta a ausência de médicos. Problemas estruturais em alguns dos equipamentos e falta de remédio também fazem parte do cotidiano dos diademenses. A Prefeitura informou que Diadema possui deficit de aproximadamente 100 clínicos.

O prefeito Lauro Michels (PV) atribuiu a saída dos 82 médicos da rede municipal de Saúde às cobranças por mais profissionalismo feitas pela atual gestão. Os clínicos não teriam as condições e, por isso, pedido desligamento.

O chefe do Executivo chegou a dizer que os profissionais estavam trabalhando menos do que a carga horária acordada em contrato.

No entanto, médica ouvida pelo Diário, que pediu para não ser identificada, disse que se demitiu por discordar das mudanças no sistema de Saúde implementadas por Lauro e truculência do secretário de Saúde José Augusto da Silva Ramos (PSDB).
 




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