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O segredo revelador

O secretário da Receita Federal não poderia ser mais claro: o sigilo fiscal de Eduardo Jorge, um dos principais dirigentes tucanos

Por Carlos Brickmann
18/07/2010 | 00:00
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O secretário da Receita Federal não poderia ser mais claro: o sigilo fiscal de Eduardo Jorge, um dos principais dirigentes tucanos, foi mesmo violado por funcionários da própria Receita. Ele já sabe, segundo disse, quais são os funcionários federais responsáveis pela sujeira. Mas não quer revelar quem são: pretende gastar todo o tempo de que dispõe para realizar o inquérito. São 120 dias.

Cento e vinte dias. Que coincidência! O resultado só sai depois das eleições!

O secretário da Receita Federal esquece, porém, fato importante: quando se nega a dar o nome aos violadores, ninguém mais tem o direito de duvidar de que sejam gente do governo, agindo sob ordens oficiais - pois, se fossem insubordinados, seus nomes seriam revelados e eles já teriam sido punidos. O inquérito, portanto, só é necessário para identificar nominalmente os violadores e puni-los. Mas os mandantes são conhecidos. A atitude de Sua Excelência torna desnecessário perder tempo para comprovar aquilo que todos já sabem.

Este governo federal adora dossiês. Já tentou um contra Ruth Cardoso, pouco antes de sua morte (foi aquele que Dilma Rousseff tentou negar e depois apelidou de banco de dados). Já tentou um contra José Serra, que era candidato ao governo paulista - uma manobra tão escrachada que até o presidente Lula chamou de aloprados os seus autores. Tentou outro, agora, contra Eduardo Jorge, um dos comandantes da campanha de Serra. Lula tem popularidade. Por que os golpes baixos? Lobo bem alimentado também não perde os vícios?

UM POUCO DE HISTÓRIA

O presidente Richard Nixon disputou a reeleição como favorito absoluto. Mas não resistiu à tentação do golpe baixo: gente sua entrou no Edifício Watergate, QG oposicionista, para roubar seus segredos de campanha. Nixon, como se previa, ganhou as eleições. E, graças ao golpe baixo, acabou perdendo o posto.

SÓ LOUCO RASGA DINHEIRO

Na biografia oficial da candidata Dilma, informa-se que, quando a doce menina era criancinha... "Certo dia bateu à porta um menino tão magro e de olhos tão tristes que ela rasgou ao meio a única nota que tinha. Ficou com metade da cédula e deu a outra metade ao menino. Dilma não sabia que meio dinheiro não valia nada. Mas já sabia dividir". Como Dilminha era uma criança, o dinheiro certamente tinha sido dado por seus pais. Ela, que gracinha!, já sabia rasgar dinheiro dos outros. E a bonitinha já rasgava dinheiro sem beneficiar ninguém.

O OVO DA CRISE

Cartilha distribuída pelo governo federal sugere votar em mulheres e inclui discurso de Dilma. Assim que o fato foi revelado pelo Estadão, a campanha recolheu a cartilha, elaborada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, com dinheiro da ONU, e o governo garantiu que nada mais será distribuído. Se a distribuição parou ou não, não importa: se houve crime, houve crime.

O problema, entretanto, é outro: do jeito que é nossa Lei Eleitoral, ou o crime fica impune (o candidato é multado em dez merréis, que aliás nunca paga, e o coordenador da campanha fica sem sobremesa no almoço do dia seguinte), ou é punido com impugnação da candidatura e gera uma imensa crise. Imagine o caro leitor que o Ministério Público consiga impugnar a candidatura de Dilma Rousseff, e que esteja agindo rigorosamente dentro da lei: a crise estará deflagrada. É preciso mexer na lei, para evitar que uma punição desencadeie um vendaval político. E para evitar que os audazes desrespeitem aquilo que deveriam respeitar.

O SONO DOS CARECAS

Para driblar a lei eleitoral, o governador de São Paulo, Alberto Goldman, elogia José Serra sem citar seu nome. Refere-se a um certo "carequinha que dorme tarde". O apelido é ruim: há carequinhas que só dormem e raramente se levantam.

CUMPANHERA MARINA

Ao inaugurar o edital de concorrência do trem-bala, Lula elogiou Dilma "por ter sido a autora da ideia". Não é bem assim: o Japão tem trem-bala, a Coréia tem trem-bala, a França tem trem-bala. Mas, dentro de alguns dias, Lula deve sancionar a Lei dos Resíduos Sólidos, que ficou 20 anos parada no Congresso e só andou graças à sua então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Lula violará a Lei Eleitoral mais uma vez, para elogiar Marina, como elogiou Dilma?




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