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Fabricantes de caças disputam terra de Lula
Por Soraia Abreu Pedrozo
do Diário do Grande ABC
11/11/2010 | 07:30
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Enquanto o governo federal não decide de qual fabricante quer comprar os 36 aviões-caça para renovar a frota da FAB (Força Aérea Brasileira), a sueca Saab se adiantou e propôs à Prefeitura de São Bernardo a instalação de um centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada, que será lançado em dezembro e terá R$ 50 milhões investidos ao longo de cinco anos.


Mesmo que não seja a escolhida pelo governo, a fabricante da aeronave Grippen garante manter o projeto, cujo escritório deverá ser estabelecido no Centro da cidade, com a possibilidade de ser no bairro Nova Petrópolis.
A cidade de Lula se tornou, nos últimos dias, alvo das montadoras que estão na disputa pelo contrato bilionário com o governo. O prefeito Luiz Marinho já foi procurado pela norte-americana Boeing, fabricante dos FA-18 Hornet, e pela francesa Dassault, fabricante do Rafale.

A Dassault afirma que, caso seja eleita, deseja instalar sua linha de montagem na cidade. "Será o governo federal quem vai decidir onde nos instalaremos. Porém, temos grande interesse na região devido à grande concentração industrial e tecnológica existente. Além disso, particularmente em São Bernardo há uma empresa eletrônica, a Omnisys, que tem entre seus acionistas o grupo francês Thales, e se tornou conhecida internacionalmente na área de radares", justifica Jean-Marc Merialdo, representante do Consórcio Rafale International no Brasil.

Ainda de acordo com Merialdo, muitas companhias da região utilizam software de desenvolvimento e gerenciamento de processos da francesa Dassault Sistema, o que já facilitaria o processo de produção devido à intimidade com o programa.

Quanto aos possíveis investimentos na cidade, o representante diz apenas que seria na casa das dezenas de milhões de reais. Até o momento foram firmados 68 acordos com 38 empresas em todo o País que, no caso de a fabricante não ser a escolhida, serão desfeitos. "Se não houver a montagem do Rafale no Brasil, para que vamos transferir a tecnologia da antena do radar, por exemplo? Não vai fazer sentido", diz Merialdo.

A Boeing, segundo Marinho, ainda não foi tão longe. Embora tenha conversado com o prefeito futuras parcerias, não fez planos de se estabelecer no Grande ABC caso seja a escolhida.
A sueca Saab, por sua vez, caso consiga vencer o processo, vai estabelecer linha de montagem em São Bernardo com investimento inicial de US$ 150 milhões. "Se isso acontecer, a Saab não só montará os aviões-caça, mas vai passar a exportá-los também", diz Marinho.

Questionado sobre já ter falado com Lula ou com sua sucessora, Dilma Roussef, sobre a iniciativa da montadora sueca na cidade, o prefeito conta que vai conversar com eles nos próximos dias. "De qualquer forma, imagino que essa decisão só vá ocorrer no período de transição."

CENTRO - O Centro de Desenvolvimento de Alta Tecnologia vai iniciar suas atividades em abril. Como sua sede será composta, em um primeiro momento, apenas por um escritório que terá entre 300 m² e 500 m², as pesquisas devem ser realizadas nas universidades parceiras da região - até o momento foram contatadas a FEI e a UFABC - e nas empresas.

"O centro será uma entidade sem fins lucrativos", aponta o diretor geral da Saab no Brasil, Bengt Janér. "O principal objetivo é fazer com que outros centros de pesquisa e outras indústrias se interessem vir para à região, para realizar um trabalho em conjunto."

A Saab propõe, inclusive, cursos para adaptar os futuros parceiros. "Temos grande interesse em incubar empresas que proponham novas tecnologias, com o auxílio da incubadora de São Bernardo", diz Janér.




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