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Crescimento desordenado afeta região

Embrapa aponta municípios que figuram entre
cidades com maior taxa de densidade demográfica

Por Daniel Macário
do Diário do Grande ABC
14/10/2017 | 07:05
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Celso Luiz/DGABC


Seja em comunidades pequenas como o Pintassilva, em Santo André, ou mesmo em grandes bairros como o Jardim Zaíra, em Mauá. Uma coisa é certa: o fenômeno do crescimento desordenado se espalhou pelo Grande ABC. Levantamento divulgado neste mês pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) aponta quatro municípios da região entre as cidades com mais de 200 mil habitantes que possuem as maiores taxas de densidade demográfica urbana do País.

Com mais de 13 mil habitantes por quilômetro quadrado, Diadema lidera este ranking, com a área urbana mais densamente povoada em nível nacional, ficando à frente, inclusive, da Capital, que figura na quarta colocação, com média de 11 mil habitantes por quilômetro quadrado. Entre as 20 cidades com maior taxa de densidade demográfica ainda constam outros três municípios da região: Santo André (11º), Mauá (13º) e São Bernardo (15º).

Resultado do crescimento populacional da região, aliado à falta de uma política habitacional eficaz, que tem provocado preocupante situação de uso e ocupação do solo em áreas naturalmente de risco, a alta taxa de densidade demográfica urbana tem apresentado desafios em diversas áreas da gestão pública de municípios do Grande ABC.

“Esse adensamento na prática gera maiores demandas em diversos serviços públicos. Cidades como Diadema e Santo André, por exemplo, costumam ter o trânsito carregado justamente por esse motivo. O mesmo ocorre em serviços de Saúde, que sofrem com a alta demanda”, avalia o geógrafo André Rodrigo Farias, analista da Embrapa e principal autor do estudo recentemente divulgado.

Atribuído à forte industrialização de municípios do Grande ABC, nos anos 50 e 60, o crescimento desordenado da região, segundo Farias, requer atenção urgente de governantes para que o cenário seja amenizado. “É muito difícil reverter a atual situação. No entanto, políticas públicas efetivas nesses municípios podem amenizar problemas de saturação em serviços de Educação e Saúde, por exemplo”, relata.

FIM DA LINHA
Enquanto boa parte da região sofre com alta taxa de densidade demográfica, São Caetano, por sua vez, vive cenário totalmente contrário. O município lidera ranking de cidades onde a área urbana perfaz todo o limite municipal, isto é, não há mais espaço para expansão física.

“Se houver crescimento demográfico, necessariamente terá que ser absorvido por meio de verticalização (construção de prédios residenciais e comerciais). Esse processo, no entanto, tem que ser visto com bastante cuidado por parte da administração pública porque pode acentuar demasiadamente o adensamento populacional já expressivo desses municípios”, explica.

Família divide casa entre 12 pessoas

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC

O morro do Macuco, em Mauá, é um dos exemplos de crescimento demográfico desordenado. Na casa de Maria Lúcia Barbosa dos Santos, 54 anos, moram 12 pessoas. O terreno mede apenas 20 m², e a família se divide em cinco cômodos em dois andares.

Segundo ela, natural de Pernambuco, a família chegou há 11 anos na cidade e começou a construção. Uma das filhas, que casou, construiu na parte de cima. No total são três filhos, uma nora, um genro, cinco netos e o marido no mesmo espaço. “O banheiro costuma dar bastante confusão. Mas os filhos casam e não conseguem viver longe da gente. Além disso, não tem condições de alugar casa.” A família se sustenta com trabalhos de artesanato, confeccionados por ela, e mais dois salários do marido, que é carpinteiro, e do filho, ajudante. “Em um mês bom, tiramos R$ 1.500. Já passamos dificuldade, mas agora a gente leva como Deus quiser.”

Na casa de Olga Arrojo, 70, a situação é parecida. Ela mora no Macuco há 40 anos e o espaço de cima da casa é ocupado pelo filho, a mulher e dois netos. Junto com ela moram uma filha e outros dois netos. “Quando cheguei aqui não subia nem carro. Hoje já temos asfalto. Então, toda a minha família acabou morando aqui pelo bairro mesmo”, disse a avó de 14 netos e mãe de oito filhos. 




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