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Leandra Leal pede mais respeito com a TV
Por Da TV Press
29/06/2008 | 07:00
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Carta Z Notícias


Leandra Leal fala baixo, algumas vezes desvia o olhar e não titubeia ao assumir a timidez. Características surpreendentes para uma atriz que tem se destacado em 18 anos de carreira na TV. Principalmente para quem está na pele de Elzinha, extravagante personagem com visual à Marilyn Monroe. "É que ela é um ‘biscoito fino'", diverte-se a atriz de 26 anos, citando o bordão da personagem.

Após a breve "incorporação" do papel, Leandra volta a baixar o tom ao analisar a personagem inquieta, que se mostra sonhadora e tem o conflito de ser mãe solteira no fim dos anos 1950. "Ela tem um tom diferente dos outros personagens da novela. O cabelo muito louro e o jeito sedutor meio romântico me permitem caminhos ousados na interpretação. Posso dizer que já é um dos xodós da minha carreira", derrete-se.

A Elzinha reúne características das pin-ups com inspiração em Marilyn Monroe. Como tem sido compor uma personagem com informações visuais tão precisas?
LEANDRA LEAL - Ela é complexa. Ao mesmo tempo em que é engraçada, tem conflitos dramáticos. Para acertar os trejeitos, assisti a todos os filmes da Marilyn. Prestava atenção não só aos movimentos dela, mas ao jeito das outras atrizes. Essa pin-up era o ponto de partida, porque ela se espelha nas divas do cinema. Ela veio pronta, com elementos fortes de figurino e maquiagem, que foram o pontapé inicial. Isso me deu armas para encontrar o lado sonhador dela.

O romantismo da personagem é alternado com o drama de ser mãe solteira. Mas isso é sempre contornado pelo humor. Essa dubiedade traz que recursos para a atuação?
LEANDRA - Estou aprendendo cada vez mais a brincar com a comédia, que adoro. Fiz papéis engraçados no teatro. Mas, na TV, também tive a Viviane de A Grande Família, por exemplo. Com a Elzinha, o equilíbrio enriquece, traz veracidade. Ela vive com a cabeça em outro lugar, sonhando com coisas inatingíveis. Essas cenas são alternadas com os cuidados com a filha, que ela teve com uns 16 anos. Tem esse drama de ser mãe numa época em que a mulher seria expulsa da sociedade se descobrissem a gravidez.

Você emagreceu desde sua última personagem na TV, em Páginas da Vida. A mudança foi para a Elzinha?
LEANDRA - Me mantenho magra desde meu último filme, Nome Próprio, do Murilo Salles. Consegui ter disciplina em malhar diariamente. Estou mais atenta com o corpo também porque tive uma lesão de cartilagem no joelho e um problema na rótula que me levou a fazer duas cirurgias. Precisava estar curada em 30 dias para uma peça e fiz recuperação de atleta: fisioterapia, musculação e emagreci. Também faço dieta com médicos e nutricionista. Mudei o estilo de vida para não prejudicar a carreira. Meu corpo precisa estar sempre pronto.

É possível fazer papéis de que gosta tendo contrato longo com a Globo?
LEANDRA - Tenho sorte de fazer coisas bacanas. E não sou o tipo de atriz que faz cinema e teatro para se reciclar. Acho isso preconceituoso. Me reciclo na TV. Gosto de perceber que, no quinto mês da novela, por exemplo, a personagem tem vida própria. Posso me reciclar com a possibilidade de ter oito meses para viver o mesmo personagem de diferentes formas: acordando, descobrindo que é filho de alguém, se apaixonando, vendo o pai morrer. São diferentes emoções. Sou superdefensora da televisão. Acho ridículo achar que o cinema é cult e a TV é só comercial. Tem de tudo um pouco. Depende da sua postura com cada trabalho.

Seu primeiro papel reconhecido pela crítica foi em A Ostra e o Vento, em 1997, pelo qual ganhou prêmios internacionais. O que mudou a partir desse filme?
LEANDRA - Foi o marco da carreira. Comecei a ser respeitada: deixei de ser a menina que estava começando na TV para ser a garota que começava bem no cinema e na TV. Naquela época, o panorama do cinema nacional era diferente. Fui muito feliz nesse trabalho. Achei bom ser atriz a partir dali.

Você raramente cita o nome de sua mãe, Ângela Leal, como influência na sua carreira. Por quê?
LEANDRA - Somos independentes. Mas ela teve influência como amiga e atriz. Ela não foi uma mentora e nunca segui os passos dela. Raramente faço essa associação porque construí uma carreira independentemente de ser a filha da Ângela. Óbvio que isso pode ter me ajudado, mas sempre vivi o lado positivo disso. Nunca tive de comparar meu trabalho ao dela. Isso foi um ganho. O trabalho é o que há de mais importante na minha vida e tenho uma personalidade muito forte para associá-lo a alguma coisa.

Como assim?
LEANDRA - Demorei para ter credibilidade como atriz. Sempre direcionei a carreira com seriedade e não aceito opinião de terceiros. Meu trabalho é o que me apóia desde criança nos piores momentos da minha vida. Me sustenta de todas as formas. As pessoas confundem ator com celebridade. Eu não preciso de muito dinheiro nem de fama. Apenas me sustentar e viajar uma vez por ano. Essa honestidade em não me vender por qualquer trabalho me deu uma imagem íntegra. Não vendo produtos que eu não acredito, por exemplo.

Por isso você não faz campanhas publicitárias?
LEANDRA - Exatamente. Não faço comercial de algo que não uso, que não gosto. Fiz apenas dois comerciais no início da carreira e nunca mais. Mas hoje em dia poderia fazer de coisas que acredito. Não vou emprestar meu talento como atriz para qualquer produto. Me respeito, não sou arroz de festa para aparecer em revista. Vou apenas à casa dos meus amigos. Vou a festas de gente que gosto, que conheço, não para ganhar brinde. Sou reservada.




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