Depois de três horas de sabatina, votação e bate-boca, o Colegiado da Ouvidoria de Santo André elegeu novamente Saul Gelman ouvidor da cidade. Em 2000, ele foi o primeiro a ocupar o cargo e, depois de seis anos, é reconduzido ao posto. "Volto com entusiasmo e com experiência que não tinha antes. Acredito que não vamos ter dificuldades de trabalhar e cooperar com a administração, que é o papel da Ouvidoria, independentemente da coloração partidária. A administração ganha um colaborador sério", declara. A eleição com cinco candidatos precisou de dois turnos para a decisão.

Apenas 11 entidades do colegiado puderam votar, das 14 que estavam aptas e presentes no local da votação.

A OAB de Santo André se retirou do pleito por determinação de seu presidente, Fábio Picarelli, cinco minutos antes do início do processo eletivo, por desentendimentos internos da Ordem. (veja reportagem ao lado). Outras duas entidades não votaram, a Fórum e Cidadania e o Conselho Municipal de Orçamento. Ambas perderam o prazo, determinado pelo decreto 15.959/2009, artigo 6°, que dispõe sobre a Ouvidoria.

Dos 11 votos, Saul, representante da Associação Israelita, teve seis. O segundo colocado, com três votos, foi o representante do Instituto de Desenvolvimento Sustentável, Manoel Luiz Corrêa Leite. O terceiro lugar ficou para José Luiz Cestari, da Associação dos Despachantes e Proprietários de Autoescolas, com dois votos. Bruno Garofalo, das Promotoras Legais, não teve nenhum voto. A surpresa foi a retirada de última hora da candidatura, depois de ter sido sabatinado pelo público presente, do representante da Loja Maçônica de Santo André, André José de Andrade.

"Abri mão por não concordar com o processo eleitoral", afirma. Esta é a terceira eleição que André participa. "Mas já sou candidato para a próxima", avisa. Para o representante da maçonaria, a eleição deveria ser secreta. Hoje o voto é nominal. Como o mais votado não obteve 2/3 do total de votos, a eleição foi para segundo turno. "Esta é a primeira vez que o Colegiado realiza primeiro e segundo turnos num só processo", declara o coordenador do Colegiado Ivo Ruiz.

Saul venceu o segundo turno contra Manoel por três votos de diferença. Sete a quatro.

BATE-BOCA - As entidades Fórum e Cidadania não concordaram com a decisão do Colegiado de não darem seus votos e isso deu início a uma discussão que gerou bate-boca entre Colegiado e a presidenta da entidade, Maria Helena Musachio. Durante a discussão, Ivo exigiu respeito e andamento do processo da eleição. "Se não concordam com o processo, o Forúm é o lugar para este problema. Agora vamos continuar a eleição".

OAB não chega a entendimento e fica fora do processo

O presidente da OAB Santo André, Fábio Picarelli, - em ofício enviado cinco minutos antes do início do processo eleitoral para a escolha do ouvidor de Santo André - destituiu o represetante indicado pela entidade, Cezar Moreira Filho. Com essa atitude, os advogados não ajudaram a eleger o atual ouvidor Saul Gelman.

Foi por causa da OAB que a eleição da Ouvidoria, que deveria ocorrer dia 11 foi adiada para ontem. O imbróglio ocorreu por falta de entendimento entre o atual presidente - eleito em outubro e empossado, em 4 de janeiro - e o presidente anterior José Sinésio Correia, que não reconhece Picarelli no cargo e, dia 11, levou seu indicado, Eduardo Gobatti.

Eduardo compareceu no local da eleição no auditório do Semasa, mas não votou, já que a OAB se retirou do processo eleitoral. Não conformado, ele questiona o Decreto 15.959. "As entidades, segundo o artigo 6°, tem 65 dias antes do final do mandato do ouvidor para indicar seu representante. Na época, Sinésio era o presidente da OAB, então sou o representante da entidade", afirma Gobatti.

Quando foi empossado, Fábio Picarelli, em ofício datado de 5 de janeiro, destituiu Gobatti como representante do Colegiado da Ouvidoria e instituiu Cezar Moreira Filho. No final, para evitar problemas, a instituição não teve representante.