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Aparelho quebra e reduz radioterapias
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
16/01/2008 | 07:03
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Mais da metade dos pacientes com câncer que precisam de radioterapia no Grande ABC aguarda em filas de espera por vagas para tratamento em clínicas da Capital.

Dos cerca de 200 pacientes atendidos por mês no Instituto de Radioterapia do ABC, apenas 70 estão em tratamento. Isso porque o instituto está com um dos dois aparelhos que possui quebrado.

O Instituto é uma clínica particular que atende a 100 convênios médios. Ela também atende ao SUS, e recebe os casos encaminhados dos hospitais públicos da região.

O maior dos aparelhos, responsável por 130 dos atendimentos, quebrou em dezembro. “Não temos uma resposta final, mas os técnicos acreditam que o defeito é permanente. Teremos de comprar outro aparelho”, diz o médico Jairo Louzada Cordeiro, do instituto.

A clínica estima em R$ 10 milhões a compra, importação e instalação do novo equipamento. E não há previsão para que esse investimento seja feito. Os recursos teriam de vir apenas do Instituto, sem suporte de prefeituras ou governo estadual, uma vez que a instituição é privada.

“Estamos trabalhando das 6h às 3h para atender os pacientes que já iniciaram tratamento e não podem parar. Os demais, estamos encaminhando para São Paulo”, diz o médico.

Para dar conta da demanda, o hospital está atendendo aos sábados, o que nunca havia sido feito antes. O instituto funciona desde 1962.

Em São Paulo, as filas de espera podem chegar a até cinco meses. É o que relata a dona-de-casa Vanda Noé, 62 anos. Ela tem uma prima com câncer na coluna, e aguarda na fila de espera de quatro centros médicos da capital.

“O câncer da minha prima se alastrou pela mama e pelas costelas. O tumor pressiona as costelas, que pressionam os órgãos. Ela sente dores horríveis. A oncologista disse que a radioterapia amenizaria isso”, conta a dona de casa. A expectativa de Vanda é que haja vaga em meados de maio.

FILA

De acordo com o médico Jairo Cordeiro, do Instituto de Radiologia do ABC, a fila de espera por tratamento em hospitais de São Paulo é, em média, três meses. “Mesmo no instituto, com os dois aparelhos funcionando, a espera dos pacientes do SUS era de 15 dias”, relata Cordeiro.

A Secretaria de Estado da Saúde nega o problema, informando que, se há filas de espera, são para consultas médicas que encaminhem para a radioterapia, o que fica a cargo de cada município, e não o tratamento em si.

Nos casos em que os pacientes já tem encaminhamento, como com Vanda, a secretaria afirma que a espera é mínima. O Estado informou que os pacientes que necessitam de radioterapia no Grande ABC estariam sendo encaminhados para o Hospital A.C. Camargo, na Liberdade, que teria capacidade para atender todos os 200 pacientes da região.



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