Uma semana após instaurar direção fiscal na Avimed Saúde, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) anunciou que também irá intervir na direção técnica da operadora de planos de saúde. A decisão foi divulgada no Diário Oficial da União.

O órgão irá “acompanhar os processos com anormalidades administrativas graves que colocam em risco a qualidade do atendimento à saúde dos associados.”

A ANS afirmou que não pode detalhar o caso, alegando ser um procedimento sigiloso, mas garantiu que há irregularidades econômico-financeiras e administrativas que legalmente podem ser monitoradas in loco por um período máximo de 365 dias. A não-regularização dos processos acarretará penalidades previstas na lei dos planos de saúde.

Queixas - A Avimed foi a operadora líder em reclamações no Procon de São Paulo em 2007, com 55 queixas. Em Santo André, de janeiro do ano passado até a última sexta-feira, a unidade do órgão de defesa do consumidor recebeu 127 pessoas com problemas com a operadora. No total, a empresa possui 400 mil clientes no Estado, sendo 60 mil no Grande ABC.

Os maiores problemas, segundo a técnica de defesa do Procon Renata Molina, são sobre negativas de cobertura e mau atendimento. “O primeiro caso refere-se a situações em que os clientes têm negadas as autorizações para realização de exames e até cirurgias”, explica. Quanto ao atendimento, as reclamações mais freqüentes são sobre dificuldade em marcar consultas e exames e alteração da rede credenciada sem aviso prévio.

Para o superintendente do grupo, Pedro Fazio, Avimed é uma das “melhores operadoras” do Estado, apesar das irregularidades e queixas de clientes. “A minha avaliação é que estamos bem no mercado, somos a melhor rede dessa área geográfica e desse porte.” Para justificar as queixas e as mesmo as duas intervenções da ANS, Fazio alegou que a aquisição da Saúde ABC, em setembro de 2006, fez a operadora passar por um processo de estruturação.

Sobre a intervenção, Fazio explicou que a encara com tranqüilidade. “A direção fiscal tem objetivo de estabelecer planos de melhoria”, argumentou. “Sobre a intervenção técnica vamos esperar que a ANS nos procure para conhecer as críticas, corrigir e se necessário contestar. A única informação que tenho é a publicação no Diário Oficial.”

Informação errada - Ao contrário do que foi assegurado na última quarta-feira por representantes do grupo Avimed em visita ao Diário, o superintendente Pedro Fazio alegou desconhecer a discussão sobre o leilão do prédio onde funciona o Hospital Baeta Neves, em São Bernardo.

“Até onde eu sei, há um grupo de investidores interessado na compra do edifício. Esse grupo perguntou se poderíamos ser a gestora hospitalar e demonstramos interesse”, disse. No entanto, ele admitiu que um dos membros do grupo de investimento, Kadri Mohamed, é sócio da Avimed.