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Nasce a São Paulo Escola de Teatro
26/10/2009 | 07:01
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Começa hoje, com a abertura do processo de seleção de professores, a concretizar-se o sonho de construção da São Paulo Escola de Teatro, um centro de formação de artistas teatrais situado na Praça Roosevelt, estruturado sobre uma base pedagógica inovadora e voltado sobretudo para formação de técnicos das artes cênicas.

Idealizada e planejada por um coletivo de artistas - a partir de uma proposta feita diretamente pelo governador José Serra ao dramaturgo e ator Ivam Cabral, fundador do grupo Os Satyros numa de suas visitas ao espaço da trupe na Praça Roosevelt - trata-se de uma escola estadual, pública e gratuita, dirigida para jovens que tenham cursado o 2º grau. Será criada e mantida pelo governo do Estado e terá sua sede no número 210 da Roosevelt, ao lado do Espaço dos Satyros, num prédio de onze andares, atualmente vazio, que passará por reforma radical.

Ao custo de R$ 4,2 milhões, onze andares serão transformados em seis, para abrigar salas com pé-direito alto, espaço para cenotecnia, camarins, biblioteca, teatro. O resultado da licitação foi publicado no Diário Oficial semana passada e espera-se que no segundo semestre do próximo ano a adaptação arquitetônica esteja terminada. "Com isso o governo do Estado consolida uma ação de revitalização que se deu pela atividade dos grupos de teatro", afirma o secretário de Cultura João Sayad.

Instalações definitivas só no ano que vem, mas a escola, cuja inauguração oficial está prevista para o dia 25 de novembro com a presença do governador José Serra, não vai esperar, e já está funcionando, provisoriamente, na Oficina Cultural Amácio Mazzaropi, no Brás, prédio de 1911, que também passa por uma reforma. Lá a reportagem conversou com o diretor dos Satyros Ivam Cabral, responsável também pela direção da escola, e com o coordenador pedagógico Alberto Guzik. Antes de mais nada, chama atenção o planejamento curricular, cuidadosamente elaborado, dia a dia, para os dois anos de formação regular, que tem como linhas mestras o conceito de artistas formando artistas, de não hierarquização de funções e de integração e articulação entre os diversos saberes.

Não foi trabalho de curto prazo. "Quando o Serra propôs, em 2006, que pensássemos num centro de formação, imediatamente nos demos conta que era um projeto muito maior do que os Satyros", diz Ivam Cabral. "Era para a cidade, para ficar muito depois de nós. Daí convidamos artistas de coletivos teatrais para pensar junto. Serroni e Raul Teixeira - referências em suas áreas -, eu nem conhecia pessoalmente. Foram mais de dois anos de reuniões. Os coordenadores foram sendo definidos naturalmente, no processo, mas o projeto é fruto de muitas colaborações", diz Ivam.

Em 2006, os Satyros desenvolviam um trabalho no Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo. "Essa experiência nos levou a pensar em formação técnica."

Não por acaso metade das vagas da escola será priorizada para alunos da rede pública. "E haverá bolsas de estudo com valores em torno de R$ 500 para cem alunos", garantiu José Serra. "Os saberes de ofício sempre foram transmitidos de artista para artista. Isso está se perdendo", observa Guzik. Daí, a base conceitual fundada na articulação entre prática e sistematização de conhecimento. "Guilherme Bonfanti (o coordenador de iluminação, integrante do Teatro da Vertigem) não é apenas um técnico de luz: é artista criador, um mestre", diz Ivam.

A primeira etapa de seleção para aprendizes será uma redação. Para professores, currículo.




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