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Fita revela encontro entre subprocurador e Cachoeira
Do Diário OnLine
31/03/2004 | 01:00
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O subprocurador-geral da República, José Roberto Santoro, teve um encontro extra-oficial com o bicheiro Carlinhos Cachoeira na madrugada do dia 8 de fevereiro para tentar obter dele a fita na qual Waldomiro Diniz, à época assessor da Casa Civil, aparece pedindo propina e contribuições eleitorais. Durante toda a conversa com Cachoeira, Santoro mostrou-se preocupado com a possibilidade de o encontro ser descoberto pelo procurador-geral da República, Claudio Fonteles, que poderia interpretar a situação como uma tentativa de "ferrar" o assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu.

A gravação do encontro entre José Roberto Santoro e Carlinhos Cachoeira foi divulgada na noite desta terça-feira pelo Jornal Nacional, que informou ter recebido o vídeo de um intermediário do bicheiro. Tal encontro aconteceu antes de o escândalo Waldomiro Diniz vir à tona, no dia 20 de fevereiro.

"Faz o seguinte: entrega a fita e não depõe", recomenda o subprocurador a Cachoeira. Santoro já tinha uma cópia da fita em questão, que segundo ele havia sido entregue pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), mas queria obter do bicheiro a gravação original.

Em vários trechos do vídeo divulgado nesta terça-feira, Santoro procura encerrar logo a conversa com Cachoeira, sob o argumento de que Claudio Fonteles poderia chegar e ver motivação política no encontro. "Daqui a pouco o procurador-geral vai dizer assim: 'você tá perseguindo o governo que me nomeou procurador-geral, Santoro, que sacanagem é essa? Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, o que você tem a ver com isso?'"

Em outro instante da conversa, ele novamente apressa Cachoeira a entregar a fita com as imagens de Waldomiro Diniz. "Daqui a pouco o procurador-geral vai chegar. Ele vai ver o carro, vai vir aqui na minha sala e vai me ver tomando um depoimento para, desculpe a expressão, ferrar o chefe da Casa Civil da presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, para derrubar o governo Lula. A primeira coisa que ele vai dizer é o seguinte: 'o Santoro é meu inimigo, porque ele podia, como meu amigo, ter ligado para mim e ter dito assim: 'olha, vai dar porcaria pro Zé Dirceu'. E eu não fiz isso".

Ainda de acordo com o Jornal Nacional, José Roberto Santoro reconheceu que a conversa com Cachoeira existiu e afirmou que insistiu em receber a fita do bicheiro porque a Justiça poderia ter dúvidas sobre a validade da cópia entregue pelo senador Antero Paes de Barros. Ele contou, ainda, que o encontrou foi marcado de madrugada porque esse foi o horário escolhido por Carlinhos Cachoeira.

Sobre os trechos em que fala das conseqüências políticas e da possível reação do procurador-geral, Santoro argumenta que foi uma forma de pressionar o bicheiro, já que era tarde — quase 3h — e ele se recusava a entregar a fita ou a dar um depoimento consistente.




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