História versus realidade hoje, às 21h50 (Globo, Band, SporTV e ESPN Brasil), no Estádio Bruno Daniel. De um lado, o campeão da Copa do Brasil de 2004, Santo André, que no momento ainda digere o recém-rebaixamento à Série A-2 estadual. De outro, o líder do Paulista, Palmeiras, que detém a marca de melhor defesa do País com oito gols sofridos em 21 jogos na temporada.

Quando o Ramalhão levantou a taça do torneio nacional passou nas quartas de final justamente pelo adversário de hoje e, de lá para cá, virou pedra no sapato do Verdão. Este, por sua vez, tenta devolver a eliminação ao time do Grande ABC na mesma moeda, o que é indício de grande duelo.

"Se for ver os números, com certeza eles são favoritos. Mas, em casa, temos de fazer nosso dever, não sofrer gol e trabalhar um bom resultado para decidir na próxima semana", disse o atacante andreense Rychely. "Apesar da situação triste (em razão do rebaixamento), estamos preparados para enfrentar uma grande equipe. O professor (Sandro Gaúcho) falou bastante sobre levantar a cabeça e sabemos da importância da partida. É virar a página, ter calma e pensar no amanhã", emendou.

O técnico Luiz Felipe Scolari prega respeito ao Ramalhão. Vencedor de três Copas do Brasil (à frente de Criciúma, Grêmio e Palmeiras), ele reconhece as complicações do torneio. "Quantas vezes vocês não viram um time de menor expressão ou que estivesse em dificuldades fazer dois grandes jogos e eliminar aquele considerado favorito? O Santo André fez isso com o Palmeiras em 2004 e nós vamos usar esse tipo de exemplo junto aos nossos atletas. Além disso, eles (do Ramalhão) já não têm chance no Paulistão e vão fazer de tudo para manter o foco na Copa do Brasil", afirmou.

Dentro das expectativas andreenses está marcar ao menos um gol hoje e, impreterivelmente, não sofrer nenhum. "Seria bom se fosse dessa forma. Mas sabemos que não é simples assim. Vamos enfrentar um time qualificado", afirmou o meia Aloísio. "Temos de jogar tranquilos, saber que a responsabilidade maior é do Palmeiras e ser uma zebra."

O técnico Sandro Gaúcho não poderá contar com o lateral-esquerdo Valmir (machucado) e com o zagueiro Altair (lesionado). Do lado alviverde, os desfalques ficarão por conta do goleiro Marcos (em fase final de recuperação) e dos meias Patrik e Lincoln (contundidos).

Herói de 2004 revive jogo sob novo ângulo

Quando o Santo André passou pelo Atlético-MG na segunda fase da Copa do Brasil de 2004, muitos achavam que o clube já tinha ido longe demais. Pela frente, nas oitavas de final, estava o Guarani, mas o Ramalhão também avançou. O adversário das quartas era o Palmeiras e aí muitos tiveram certeza que o fim da linha andreense se aproximava.

Mas apoiando-se no regulamento, a equipe do Grande ABC empatou o primeiro jogo por 3 a 3, arrancou outra igualdade (4 a 4) aos 44 minutos do segundo tempo no jogo de volta, em pleno Palestra Itália, e eliminou o adversário de hoje. Apesar do gol de Tássio ter garantido a classificação, foi Sandro Gaúcho o principal responsável pelo triunfo, com um gol no primeiro duelo e dois no segundo.

Apesar de ter se afastado da grande área e estar na função de técnico, o ex-matador busca tirar proveito daquele feito para superar novamente o rival. "Nada é impossível. Temos de trabalhar a motivação, trazendo aquela situação para hoje e ter a mesma superação. Aquele time também estava vivendo dificuldades, porque estava com seis pontos negativos (na Série B do Brasileiro, em função da escalação irregular dos zagueiros Valdir e do atacante Osmar, o time perdeu 12 pontos), mas superou isso também. São atletas diferentes, mas tentamos resgatar o espírito de dedicação e comprometimento", disse Sandro Gaúcho.

Assim como naquela época, o treinador confirmou a superioridade do adversário. "O Palmeiras é favorito, mas vamos trabalhar em cima disso também. Passar a eles (jogadores) que, assim como em 2004, é possível conquistar essa classificação", afirmou.

O recente empate pelo Paulistão, segundo Gaúcho, mostra que o Santo André não pode temer o Verdão. "Contra o Palmeiras sempre fazemos jogos equilibrados, difíceis, como este último, quando com um a menos (desde os 25 minutos do primeiro tempo) seguramos o empate (0 a 0)", destacou o andreense, que mostrou o caminho a ser explorado pelo Ramalhão, assim como em 2004. "Estamos acostumados ao campo e ao gramado. É tirar proveito disso." DB

Cicinho volta à antiga casa e pede cuidados com Ramalha

Ele chegou desconfiado ao Santo André em 2008. Franzino e de canelas finas, o lateral-direito Cicinho veio do emergente Oeste de Itápolis para substituir um ídolo da torcida andreense: Alexandre. Aos poucos, conquistou seu espaço e caiu nas graças da torcida por seu estilo brigador, ofensivo e raçudo.

No fim do ano passado, porém, entrou na Justiça para ter o contrato rescindido alegando salários atrasados. Venceu - posteriormente o jogador e o clube do Grande ABC entraram em acordo - e foi empresatado ao Palmeiras. No Verdão, viveu início parecido com o passado no Santo André, mas hoje já é titular absoluto de Luiz Felipe Scolari. Hoje à noite, o camisa dois retorna ao Estádio Bruno Daniel, reencontra a ex-equipe, amigos, torcedores e, apesar do momento atravessado pelo Ramalhão, pede cautela aos palmeirenses.

"Parece que a gente fala da boca para fora, mas eu já estive do outro lado e sei o quanto a motivação é grande em jogos como este. Além disso, o Santo André vai dar a vida para se dar bem na Copa do Brasil, já que no Paulistão está rebaixado", disse Cicinho.

Pertencente ao grupo que caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro no ano passado, o jogador lamentou mais uma queda andreense e acredita que em função disso o Ramalhão vai encarar hoje o jogo da vida. "Tenho bastante carinho pelo clube e não sei o que aconteceu para o Santo André ser rebaixado. Até por isso, eles vão querer fazer o jogo da vida. Precisamos respeitar. Dá para pegar o exemplo do Grêmio Prudente, que eliminou o Atlético-MG. Não existe mais jogo fácil", afirmou.

Mesmo sem assistir ao treino do técnico Sandro Gaúcho, que escalou no coletivo um ataque veloz formado por Rychely e Borebi, Cicinho acertou na mosca. "Acho que eles vão leves para a partida. E é um time perigoso, de bastante velocidade. O fato de já estarem rebaixados é triste e, por isso, vão tentar correr em dobro contra nós. É preciso cuidado", concluiu o lateral. (DB com Agências)

Lincoln é vetado e Wellington Paulista começa no banco

O Palmeiras vai a campo hoje com força máxima. Ou quase. Isso porque o meia Lincoln é desfalque de última hora, com dores musculares. Por outro lado, o recém-chegado atacante Wellington Paulista estará à disposição na reserva.

"O Lincoln está com dores musculares, pois vinha de sequência intensa depois de ter ficado um período sem jogar, e não disputará esta partida para poder fazer trabalho de regeneração e reforço muscular", disse o chefe do departamento médico do Verdão, Rubens Sampaio.

Wellington Paulista espera sua chance. "Estou me sentindo bem. O Felipão me colocou como titular (no treino de segunda-feira) para me adaptar na função, saber como cada um se posiciona em campo. Se começar jogando, será ótimo e vou procurar dar o meu melhor. Se eu iniciar no banco, também estará perfeito. O importante é começar a viver esse momento junto ao grupo", disse o atacante. (das Agências)

Torcida palmeirense ainda dispõe de 2.100 ingressos

Dos 6.000 ingressos à disposição da torcida do Palmeiras para o jogo desta noite, contra o Santo André, 3.900 foram vendidos. Portanto, ainda restam 2.100 bilhetes. Por outro lado, a comercialização para os torcedores ramalhinos ainda não começou, o que gerou insatisfação e protestos de alguns torcedores que ontem buscavam informações no Estádio Bruno Daniel ou na sede da torcida Fúria Andreense.

Enquanto isso, os palmeirenses encararam mais um dia de longas filas no Bruno Daniel - a exemplo do que aconteceu na segunda-feira - para adquirir ingresso. Até o fim da tarde, grande número de torcedores ainda aguardava a vez de ser atendido para garantir a entrada.

A cota de 2.000 ingressos para os andreenses segue intacta. Há informações extraoficiais de que a diretoria contava com a liberação do setor de cadeiras cobertas para iniciar as vendas, mas como isso não ocorreu (leia abaixo), terá de comercializar apenas a carga inicial.

Palmeirenses e ramalhinos ficarão lado a lado na arquibancada à frente das cabines de imprensa. Efetivo de 110 militares será destinado para a partida e, além da separação física (grades), haverá a humana (cordão de policiais). DB

Prefeitura tenta, mas MP não libera marquise

A Prefeitura de Santo André bem que tentou, o Ramalhão se empolgou, mas o MP (Ministério Público) vetou e o Bruno Daniel segue parcialmente interditado. A expectativa era que o estádio tivesse o setor de cadeiras cobertas liberado após as intervenções realizadas nos últimos dias, mas não foi o que ocorreu e a praça esportiva andreense segue liberada a apenas 8.000 torcedores.

O promotor Roberto Senise Lisboa, que em janeiro deste ano interditou a área por questões de segurança, manteve a posição. Mesmo com a Prefeitura e o Santo André protocolando nova documentação, com laudo de engenheiro atestando a liberação, a interdição foi mantida pelo MP e ninguém poderá se alojar sob a marquise.

Nos últimos dias, segundo o administrador do Bruno Daniel, Ronaldo Musial, foram feitas intervenções para retirar as lascas de concreto soltas na marquise, assim como tratamento e cobertura das ferragens expostas, retirada dos resíduos sólidos tanto em cima quanto embaixo e pintura.

"A Prefeitura protocolou na sexta-feira documento junto com o laudo do engenheiro responsável, atestando a segurança da marquise. Tivemos apoio da Secretaria de Obras e da Polícia Militar para sanar esses problemas. Agora o local encontra-se em condições de total segurança, sem colocar em risco a integridade física dos torcedores, conforme consta na documentação protocolada", afirmou Musial.

Agora, as tentativas serão de liberação para o jogo de domingo, contra o Corinthians, pelo Paulistão. DB