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De onde vêm doações milionárias ao Azulão?
Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
10/09/2019 | 07:00
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Mesmo com baixa frequência de público, pouca exposição na mídia e resultados em campo aquém das expectativas, o São Caetano continua ‘nadando em dinheiro’. Isso que mostra o balanço publicado no site oficial do clube. Em 2018, por exemplo, o resultado de todas as operações gerou lucro de R$ 5,6 milhões, desempenho espetacular, ainda assim abaixo dos R$ 7,5 milhões conseguidos em 2017. Qual é a mágica? O próprio documento explica. Na temporada passada o Azulão recebeu exatos R$ 23.977.232 em doações. Isso mesmo, quase R$ 24 milhões de doações. Em 2017, o valor superou os R$ 33 milhões.

Mas quem são esses doadores? Esse é o grande segredo escondido a sete chaves na sede social, na Rua Eduardo Prado, 8, no bairro Cerâmica. O clube é mantido por uma empresa privada, a São Caetano Futebol Ltda, que desde a morte de Luiz de Paula, o Batata, em 2011, é integralmente gerida pelo presidente Nairo Ferreira de Souza, ou seja, só ele e alguns confidentes devem saber quem de fato coloca dinheiro na agremiação.

Não é segredo que Saul Klein, ex-herdeiro da Casas Bahia – em 2009 ele vendeu sua parte ao irmão Michael, em negócio de R$ 1,3 bilhão –, sempre andou ao lado de Nairo. O próprio presidente assume. Ontem, ao telefone, me disse que a relação jamais ficou estremecida. “Nunca estivemos separados”. O site oficial do São Caetano anunciou em julho que houve reaproximação do empresário com a diretoria, sem entrar em detalhes.

O problema é que alguém parece incomodado com o que anda acontecendo nos bastidores do clube: dinheiro jorrando e estagnação dentro de campo. Tanto que no jogo contra o Linense, quarta-feira passada, pela Copa Paulista, três faixas foram presas próximo à entrada principal do Anacleto Campanella pedindo mudanças na diretoria. Uma delas dizia: “Fora Nairo, volta Saul”. Mas apenas 287 pessoas que foram ao jogo viram o protesto. Nenhuma torcida assumiu oficialmente a autoria, o que leva a imaginar que seja algo político, alguém que sabe demais e está descontente com a situação.

Pensando do ponto de vista jurídico, a situação é bem complicada. Nairo é, literalmente, o dono do São Caetano. Se tornou o único acionista. E o minúsculo conselho deliberativo, composto por 20 nomes efetivos e presidido pelo candidato a vereador derrotado nas últimas eleições Paulo Bottura (PTB), não me parece atuante para tentar mudar alguma coisa.

Talvez essa seja uma das principais razões para as arquibancadas do Anacleto Campanella viverem vazias. É duro torcer para um time que tem dono, que tem autonomia para fazer o que quiser, sem margem para contestação. É duro.

DÁ GOSTO DE VER
Tive coragem de assistir a parte do duelo entre CSA-AL e Chapecoense, domingo, pelo Brasileirão. Briga de foice contra o rebaixamento. O chamado jogo de seis pontos. Sintonizei só um pouquinho para sentir o clima e não conseguia mais parar de ver. Não que a qualidade estava agradável, mas a vontade das equipes em campo me impressionou. Não tinha bola perdida, jogadores ralando a perna no chão, sem tirar o pé de dividida. Exatamente o espírito que todos os torcedores cobram dos seus jogadores, independentemente da grandeza do clube. Aquela coisa, se não der para ser na técnica, que seja na raça.

Tenho certeza de que os torcedores alagoanos saíram satisfeitos do Estádio Rei Pelé. Não só pela vitória por 2 a 0, mas pela entrega dos jogadores. Os da Chape, também. Claro, perder nunca é bom, mas nenhum catarinense tem dúvida de que o elenco quer tirar a equipe daquela situação. Bem diferente do elenco do Cruzeiro, que vê de camarote o barco afundando. Parece que o único incomodado ali é o técnico Rogério Ceni. E olha que qualidade não falta pelos lados da Toca da Raposa.

CÁSSIO FALHOU?
Desde que Leandro Carvalho, do Ceará, acertou chute improvável e fez gol olímpico, o de empate por 2 a 2 contra Corinthians, domingo, começou a boa e velha discussão: falha de Cássio ou mérito do atacante. Para mim, muito mais qualidade do arremate, de pé trocado, de três dedos, do que erro de posicionamento do goleiro, que assumiu ter sido surpreendido.

Esse é o tipo de lance muito raro no futebol atual. Os jogadores não treinam mais cobranças de bola parada como antigamente. Até por isso, os goleiros passaram a se adiantar para receber o cruzamento aberto. Somado a isso, pode colocar Leandro Carvalho mais 50 vezes na mesma condição, até sem goleiro, ele, com certeza, vai acertar poucas vezes. No jogo, pegou na veia, como popularmente se diz. Mérito dele.

PALPITÃO DO FATTORI
Os clubes terão semana livre para treinar, com exceção do Palmeiras, que faz hoje contra o Fluminense jogo atrasado da 16ª rodada do Brasileirão e, para mim, ganha por 3 a 0. Mano Menezes mudou a forma de o time jogar, com Dudu pelo meio e Gustavo Scarpa pela ponta. O espírito mostrado contra o Goiás também dá esperanças. Vamos aos outros chutes. Brasileirão: Flamengo 4 x 1 Santos, Palmeiras 2 x 0 Cruzeiro, Fluminense 0 x 0 Corinthians e São Paulo 3 x 0 CSA. Copa Paulista: Santo André 1 x 0 Inter de Limeira, XV de Piracicaba 2 x 1 Água Santa, São Caetano 2 x 0 Rio Claro, Atibaia 0 x 0 EC São Bernardo. 




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