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Eloa é lembrada um ano após sua morte
Por Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
19/10/2009 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


Dezenas de pessoas visitaram ontem o túmulo de Eloa Cristina Pimentel, no Cemitério Santo André, na Vila Humaitá, e prestaram homenagens à jovem morta um ano atrás. Mãe de Eloa, a lactarista Ana Cristina Pimentel, 43 anos, deixou flores ao lado da lápide pela manhã.

Eloa protagonizou o maior caso de cárcere da história de São Paulo. Após passar cerca de 100 horas como refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes, 23, entre 13 e 17 de outubro do ano passado, a jovem foi baleada na cabeça e na virilha. Ela passou um dia internada no Centro Hospitalar Municipal antes de morrer.

Ana Cristina chegou ao cemitério ontem por volta das 9h. Deixou um buquê com rosas brancas do lado direito da placa com a foto da filha e saiu cerca de 20 minutos depois, segundo funcionários do local. Embora tenha mudado de endereço, a lactarista ainda mora no bairro onde a tragédia aconteceu.

Parentes dizem que a última semana foi difícil para Ana Cristina, que está enfrentando o primeiro ano sem Eloa. "Ela não está bem. Fica relembrando as mesmas coisas (sobre a morte da adolescente) o tempo todo", conta uma irmã de Ana Cristina, que veio de Alagoas para acompanhá-la.

Vizinhos relatam que bichos de pelúcia, fotos e objetos pessoais de Eloa continuam enfeitando um quarto na casa da lactarista, no Jardim Santo André. Ana Cristina voltou a trabalhar em uma creche municipal em agosto, seguindo recomendação do seu psicólogo.

Amigos de Eloa também lembraram a data fatídica e foram ao Cemitério Santo André. Dois vasos, com flores cor-de-rosa, decoravam o túmulo da adolescente. Plantas artificiais, dentro de embalagens plásticas, estão lá desde o ano passado.

Pessoas que acompanhavam velórios ou enterros realizados durante o dia também passaram pelo túmulo. "Foi horrível a forma como essa menina morreu. Quis vir fazer uma oração", afirmou Rosa Maria Siqueira, 54 anos. "Já que estava aqui, vim dar uma olhada. Tinha curiosidade de conhecer. Acho que todo mundo se chocou com essa história", disse Jairo Mota, 46 anos.

Companheira de Eloa durante o cárcere, Nayara Rodrigues Vieira, 16, esteve no cemitério apenas uma vez ao longo do ano, de acordo com funcionários. Morta dia 18, Eloa foi enterrada dois dias depois, em uma cerimônia acompanhada por cerca de 12 mil espectadores.

 
Morador de Cidade Tiradentes leva flores para amiga todo mês

Todo dia 18, a rotina é a mesma para o ajudante geral Adaílton Moreira da Silva, 22 anos: ele sai cedo de casa, em Cidade Tiradentes, bairro da Zona Leste da Capital, e vai até a Vila Humaitá, em Santo André.

Desde outubro do ano passado, Adaílton não passa um mês sem visitar o túmulo de Eloa Cristina Pimentel, que conheceu em 2007, quando morou no Jardim Santo André. "No começo, vinha todo dia, mas não estava dando."

Adaílton chegou a pegar oito ônibus para fazer o trajeto. "Gostava muito dela. Quando venho aqui, me sinto bem", diz. Os funcionários do Cemitério Santo André já conhecem Adaílton pelo nome. Ontem, ele levou um vaso de flores e um cartão, onde desenhou uma pomba e um coração. Ficou em pé, ao lado do túmulo, das 11h às 17h.

O ajudante colocou o nome de Eloa dentro do símbolo do São Paulo - time para o qual a garota torcia - em uma camiseta do clube. Adaílton monta vídeos com fotos da amiga e músicas que ela gostava para colocar na internet.




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