Política Titulo 60 anos em 60 entrevistas
‘Diário cumpre seu papel de mostrar os fatos’
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
02/04/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Dario Sanchez, gerente regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Diadema, completa neste ano três décadas como gestor da entidade e fomentador do setor industrial. Ele também é responsável pelo posto de informações do BNDES, por meio do qual busca apresentar opções de crédito a juros menores aos associados. Sanchez destaca que “a indústria do Grande ABC sempre andou de mãos dadas com o Diário”, veículo, segundo ele, pioneiro em denunciar problemas econômicos decorrentes da redução da atividade do setor, e responsável por debater, apontar soluções e levar a voz da região para além das fronteiras.

O Diário completa, em maio, 60 anos. Ao longo dessas seis décadas, o senhor acredita que o jornal foi importante para o desenvolvimento da economia da região? De que maneira?

O Diário se fez presente nos momentos mais importantes da história de nossa região, momentos que de diversas maneiras alteraram a economia e a forma de viver em todo o Brasil. Posso citar como exemplos as matérias sobre as ações sindicais, a implantação da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, a cobertura das reuniões das entidades da indústria para debater e encontrar caminhos face aos planos econômicos – e quantos planos! Corte de zeros em nossa moeda, hiperinflação, Cruzado, Cruzeiro, Cruzado Novo, URV (Unidade Real de Valor), Real, confisco, crises asiática, do subprime, do setor automotivo. Quanta necessidade de informação, de conhecimento, de debates para encontrar caminhos. Não podemos, em momento algum, nos esquecer da importância do Diário nesses tempos de crise, como fonte de informação, provocando e divulgando opiniões, levando a voz da região para o governo de São Paulo, para Brasília, para todo o País.

O senhor acredita que o jornal tenha contribuído para a expansão do setor industrial no Grande ABC? Por quê?
Sem dúvida, a indústria do Grande ABC sempre andou de mãos dadas com o Diário. Reconhecemos que o jornal atuou em defesa do setor levando nossas angústias, necessidades e posicionamentos para dentro dos lares da região, mostrando que somente através da união entre capital e trabalho é que poderíamos crescer, distribuir renda e desenvolver, levando a informação para as mesas de debates das autoridades que estavam definindo as normas e os programas de governo. O Diário foi pioneiro em denunciar os problemas econômicos decorrentes da redução da atividade industrial, e segue responsável por debater e apontar soluções.

E para o desenvolvimento em Diadema? Incluindo os ramos de autopeças e de cosméticos?
Diadema é uma cidade industrial. O Diário está em comum acordo com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Diadema nesse quesito, e com o trabalho de divulgação do que é produzido na cidade, da diversidade de negócios e da disposição de parcerias. E isso tem sido de suma importância. No caso do setor automotivo não temos montadoras na cidade, mas temos uma grande parcela da cadeia de fornecimento direto, dos sistemistas e dos seus subfornecedores, que chamamos de tier (uma de muitos fornecedores). Lembro que o Diário foi o primeiro a divulgar trabalhos do Ciesp Diadema para formar grupos de empresas e implantar as normas da série ISO 9000, isso há mais de 20 anos, momento em que viabilizamos para os fornecedores que se adequassem as necessidades e exigências das montadoras. E também está presente hoje, mostrando a inovação e a diversidade de ramos industriais. Quanto aos cosméticos, esse é um setor muito sensível à informação. A parceria com o Diário e a cobertura sobre as atividades junto ao polo e das oportunidades geradas tem sido de grande valia na atração de novas empresas para a cidade. O Diário mostra caminhos e amplia resultados das indústrias, motiva e viabiliza lançamentos, aproxima a academia. Eu poderia relacionar uma infinidade de outros fatores. Em breve teremos um polo na área de alimentos e estamos confiantes para desenvolvê-lo, com a certeza que poderemos contar com o Diário em mais essa iniciativa.

Qual foi a maior contribuição do Diário em sua opinião?
Estar presente no dia a dia das entidades de classe e dos formadores de opinião da região, levar nossa voz para além das fronteiras, divulgando as notícias da forma que elas são, sem maquiagens ou interesses terceiros que distorcem a informação, divulgando nossas dificuldades e necessidades no desenvolvimento de nosso trabalho. Da forma que eu entendo, o Diário cumpre seu papel de apresentar os fatos, mostrar os avanços e apontar as falhas para que possamos melhorar e, com isso, contribui para o crescimento dos negócios da nossa região.

O senhor se lembra quando teve o primeiro contato com o Diário?
Se me recordo adequadamente, acredito ter sido reportagem sobre a revisão do Plano Diretor de Diadema, em 1989. Chegava no Ciesp nesta época, e trabalhávamos para demonstrar a importância da indústria e da característica da cidade de Diadema de concentrar micro e pequenas empresas e de serem elas as geradoras de emprego e renda na cidade. Na mesma época, fizemos uma entrevista sobre a necessidade de capacitação da mão de obra do setor, exemplificando com um curso de CEP (Controle Estatístico do Processo), um dos primeiros treinamentos que organizamos quando assumi a gerência do Ciesp Diadema. O que chamou a atenção foi o fato de, antes de aplicar os conceitos do CEP, termos oferecido cursos de revisão de português e matemática básicos para os operadores das máquinas. Poxa, já se passaram 30 anos de atuação no Ciesp. Olha que coincidência, estamos fazendo esta entrevista no exato momento em que debatemos a revisão do Plano Diretor de Diadema.

Que coincidência! E o que muda daquela época para hoje?
De fato, trata-se de momento muito importante. A cidade mantém a vocação industrial, mas temos de incluir a nova realidade, prevendo centros tecnológicos, manufatura integrada, comunicação de dados em nuvem e ainda debatermos Mobilidade Urbana, Segurança, preservação de áreas industriais, custo da terra e das outorgas.

Lembra-se também quando o Diário publicou a primeira reportagem a seu respeito?
Foram várias. Lembro de um posicionamento sobre as novas técnicas de gestão em razão da crise econômica e da nossa participação nos conselhos municipais, algumas revisões de legislação e de procedimentos para auxiliar as empresas durante a turbulência. Também um perfil quando da implantação do posto de informações do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) de Diadema, do qual sou responsável, e das sete feiras de negócios que organizamos.

Em algum momento da sua carreira no Ciesp Diadema o Diário lhe foi útil de alguma maneira? Como?
Em diversos momentos, auxiliando na ampliação dos trabalhos, na consolidação de entendimentos, acredito que o Diário valorizou em muito o trabalho, nos motivando a buscar respostas, construir caminhos. Foram muitos os desafios que enfrentamos à frente de uma entidade da amplitude e da importância do Ciesp. Preciso estar sempre atualizado e antenado com o que acorre em nossa região e no mundo. O Diário é a minha primeira leitura do dia, e faço isso nesses 30 anos.

Em sua opinião, qual a importância do jornalismo regional?
O jornalismo regional é responsável pela valorização adequada dos agentes e dos atores públicos, da difusão do conhecimento e da verdade. Vivemos em região altamente politizada, industrializada e responsável por parcela significativa do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, somos destino de migrantes e imigrantes. O Grande ABC é gerador de tecnologia e de conhecimento; somos berço de partidos políticos, um laboratório vivo cujos saúde e bem-estar interferem no bem-estar de todo o Brasil.

O senhor enxerga o Diário como um canal para os empresários da região? Por quê?
Por tudo o que falamos, o Diário é canal para a informação e pesquisa dos empresários. Para empreender é necessário conhecer, acredito que nesse quesito o Diário faz a lição de casa, que é a de acompanhar as mudanças e a velocidade com que a informação e o conhecimento são difundidos.

E para as indústrias?
A indústria desenvolve o planejamento de seus negócios com base no conhecimento, na previsão e na projeção das tendências locais e gerais. Muitas têm matriz no Exterior, capital internacional e precisam de um canal de comunicação adequado à realidade que vivemos no Grande ABC. É difícil explicar para o investidor internacional as nuances de nossa região, e o Diário também nos auxilia nesse papel. O jornal tem outra missão importante, que é a de mostrar o que precisa ser mudado na cultura e na Educação para podermos fazer frente à concorrência internacional, para a estabilidade nos negócios e de posturas adequadas. Sem campanhas que não agregam valor às pessoas, enfim, valorizar o bem e não dar voz aos radicalismos e às posturas excludentes.

Em sua opinião, o que mais o Diário pode fazer para ajudar a fortalecer tanto a economia quanto o ramo industrial da região?
Consolidar sua posição de valorizar o correto, retirar da pauta aquelas figuras e posturas que focam em seus interesses e ganhos pessoais em detrimento do ganho coletivo, e não dar voz a situações pontuais, modismos de exclusão. Tratar as exceções como realmente são, ou seja, devem ser apontadas e questionadas, e não simplesmente colocadas em manchete de jornal, fazer jornalismo que indique agente, causa e efeito e questionar quando esses efeitos forem prejudiciais às famílias da região.

E especificamente quanto às autopeças e aos cosméticos?
Cosméticos se configuram como beleza, saúde e bem-estar. O Diário poderia utilizar esse setor para valorizar ainda mais o Grande ABC. Temos muito o que apresentar, inovar, fazer. Quanto a autopeças, teremos lançamentos na região nos próximos anos, os quais trarão tecnologia e gerarão novos negócios e empregos. Temas e oportunidades que podem ser ampliados com a presença e apoio do Diário.

Se pudesse realizar qualquer feito na região, qual seria?
Tento, através das minhas atitudes e de trabalhos voluntários, partilhar um pouco do que aprendi e recebi do Grande ABC. Gostaria de poder conciliar meu tempo para contribuir ainda mais, para termos uma região segura, com qualidade de vida, e que nossos filhos possam prosperar nela.

Que futuro espera para a economia do Grande ABC?
Nossa região é industrial, e industrial continuará a ser e por muito anos. Fica a mensagem que esse deve ser o foco dos nossos governantes. Estamos em plena transformação, veículos elétricos em breve sairão de nossas fábricas. Nossas indústrias já aplicam conceitos de manufatura integrada, indústria 4.0. Temos universidades, Fatecs, Etecs, Senais, Sesis e centros de pesquisa. Nossa gente é capacitada e demonstra que pode agregar ainda mais conhecimento e valor ao seu trabalho. A região será o que desejar ser se deixar de dar importância a quem olha de forma segregada, e direcionar o foco para essa verdadeira revolução industrial que vivemos. Temos empreendedores, temos capital, há investidores à espera de boas oportunidades e de estabilidade. Precisamos de direção, e é isso que clamamos dos atores públicos e privados de nossa região, e é isso que estamos tentando fazer, quer na revisão do Plano Diretor de Diadema, quer na gestão das entidades da indústria, a região tem um futuro brilhante, basta acreditar e trabalhar!

Dario Sanchez e o Diário

Administrador de empresas pós-graduado em gestão de Marketing, Dario Sanchez, 56 anos, conta que o Diário é a sua primeira leitura do dia há 30 deles, assim que chega no Ciesp Diadema, depois de se deslocar de São Bernardo, onde mora. Sanchez lembra que seu contato inicial com o periódico foi em 1989, para discutir sobre a revisão do Plano Diretor da cidade, coincidentemente, mesmo tema debatido neste momento, cuja importância passa pela preocupação de modernizar e adaptar a indústria, força motriz da economia regional, à nova realidade. Dessa forma, contribuindo para dar vida longa ao setor. 




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