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'Demolidor' mostra potencial
Fernando Cappelli
Do Diário do Grande ABC
26/10/2009 | 07:01
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Se o panorama atual do boxe brasileiro sofre com o hiato de campeões internacionais, a salvação direta para o cenário afia diretos e cruzados na AD São Caetano. Com 23 anos e cartel promissor na carreira profissional até agora (seis lutas e seis vitórias por nocaute: quatro no primeiro round e uma no segundo), o meio-pesado (até 79kg) Jackson ‘Demolidor' Júnior desponta como promessa da nova safra de pugilistas no País.

O temperamento explosivo nos ringues que lhe rendeu o singelo apelido, porém, contrasta com o jeito tranquilo na hora de se expressar. "As pessoas ainda têm ideias distorcidas. Acham que todo lutador é marginal. Esse pensamento já é ultrapassado pela própria profissionalização crescente do boxe no Brasil. Sou pai de família e tenho responsabilidades como qualquer um", ponderou Jackson.

Em combate no mês passado, o Demolidor acabou com a invencibilidade de 15 lutas de Marcus Vinícius Ratinho, com nocaute fulminante, em um dos desafios mais esperados do ano. Mas como ainda é senso bastante comum na cultura do pugilismo, a rotina do atleta não é exclusivamente dedicada à nobre arte. Mesmo com propostas para lutar nos Estados Unidos, ainda não conta com apoio de patrocinadores.

Assim, o lutador concilia o trabalho como metalúrgico com aulas de boxe no bairro de Santo Amaro, na Capital paulista (onde mora), além dos treinos diários. "É aquela história de sempre. É mais fácil falar as coisas que ‘não passei' para continuar no boxe. A persistência tem mesmo de ser sobrenatural", disse.

MARRETADAS - Jackson é pupilo de Servílio de Oliveira. Foi o experiente ex-campeão quem viu o potencial do então estreante nos Jogos Abertos do Interior em 2003 (quando representou Diadema e foi vice-campeão), e resolveu iniciar o trabalho específico. "Era só força bruta, mas um jeitão muito passional de lutar, que chamava atenção também pelas marretadas com a mão direita. Todos falavam que se ele aprendesse a se movimentar corretamente e usasse mais os jabs, seria parada dura em qualquer competição. Está aí a prova", comentou Servílio.

Ainda nas palavras do próprio treinador e sua equipe, uma combinação letal de características é o grande trunfo do trabalho com o atleta. "Ele hoje mantém a capacidade de esgrimir os adversários, típica do boxe olímpico, com a agressividade natural dos profissionais. Isso torna o estilo robusto e eficaz", explicou.

Mesmo com todas as pretensões ambiciosas que visam o Exterior, Servílio afirma que uma "fórmula caseira" é a chave para blindar a carreira de Jackson.

"O lutador tem de morar perto da família. Treinar onde se sente bem e depois ir para fora apenas no período de lutar. Isso evita tentações desnecessárias e desvios de percurso, além de manter o fundamental para qualquer pugilista: sua essência genuinamente brasileira", afirmou o treinador. "E ele vai ser campeão do mundo em pouco tempo. Não tenho dúvida disso", garantiu.




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