Às vezes, há treinadores que preferem exagerar ao comparar duelos aparentemente comuns a finais de campeonatos. Mais do que isso: procuram enxergar os desafios mais intensos como se fossem decisões de Copas do Mundo. Na sexta-feira, ao encerrar o coletivo e orientar os treinos de chutes a gol - tudo para melhorar a frágil pontaria do time - o técnico Sérgio Soares recorreu à força das palavras para descrever a previsível batalha que aguarda o Santo André contra o Brasiliense, às 18h30 de hoje, no Estádio Serejão, a casa do rival.

Segundo ele, porém, não existem discursos mais poderosos do que o comprometimento do grupo no instante em que a equipe, mergulhada na zona de risco, começa a decidir - como deve imaginariamente acontecer até o fim da Segundona - diferentes troféus a cada rodada pela Série B do Brasileiro. "É preciso que a gente supere degrau a degrau como se brigássemos pelo título", sugere o comandante, que resolveu acrescentar os estímulos emocionais aos tabuleiros e às pranchetas utilizados inutilmente desde o início do angustiante calvário.

O volante Alê, ex-São Paulo, acostumado às cobranças dos tricolores, que nunca pouparam nem Kaká nem Luís Fabiano nem Júlio Baptista no passado e Washington recentemente, é o nome do cara que assumiu a responsabilidade como um dos maiores líderes do grupo.

"Combinamos o seguinte: vamos esquecer o primeiro turno e imaginar que a nossa campanha começa apenas agora. Faremos de conta que não estamos lá embaixo da tabela. Que seremos campeões da temporada. Aí, a gente sobe ao G-4 e até disputa o acesso. Penso que isso pode funcionar e fortalecer o emocional da turma. Vai que dá certo", observa Alê, o guru dos colegas.