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Santo André homenageia Guido Poianas com livro
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
07/09/2002 | 16:16
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Militante de esquerda filiado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro), o Partidão, ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, pintor de paredes e autor de pinturas artísticas de valor histórico, Guido Poianas (1913-1983), de origem italiana e que teve Santo André como morada durante mais de 50 anos, ganha justa homenagem esta semana.

Na próxima sexta-feira, às 19h, será lançado no saguão do Teatro Municipal de Santo André, com entrada franca, o livro Guido Poianas – Retratos da Cidade, bancado pelo Fundo de Cultura andreense. O título pretende ser o primeiro de uma série sobre pintores de Santo André – os próximos devem tratar de João Suzuki e de Paulo Chaves (1921-1989).

No mesmo dia, e na mesma hora, começará uma mostra com cerca de 50 pinturas de Poianas, a maioria pertencente ao Museu de Santo André. Por fim, uma cronologia ilustrada por documentos.

No dia 16, na Casa do Olhar, também terá início outra mostra: Dez Formas de Ver e Rever, na qual artistas da região retomam paisagens de Santo André que serviram de temas para Poianas.

A organização do livro é de José Armando Pereira da Silva, que no ano passado lançou A Cena Brasileira em Santo André – 30 Anos do Teatro Municipal, uma ampla pesquisa sobre a história do espaço andreense.

Além de reproduções em cores de pinturas de Poianas, a publicação traz uma série de textos de autoria de pessoas do Grande ABC ligadas a diferentes áreas profissionais. Como exemplos, assinam textos o ator Antônio Petrin e o crítico de arte Enock Sacramento. Os autores ou conheceram o artista ou têm conhecimentos sobre sua obra.

Vida e obra – Guido Poianas nasceu na Itália em 1913. Chegou a Santo André em 1927, cidade em que morreu em 14 de setembro de 1983. No município, atuou na Sociedade de Cultura Artística e na Sociedade de Belas-Artes. Seus temas para a pintura foram variados, mas a preferência foram as paisagens urbanas de Santo André. Por meios delas fez um registro sobre os constrastes e transformações sofridas na cidade ao longo do período em que viveu no local.

Entre outras obras, Poianas pintou Paisagem da Vila Assunção (1955), na qual é possível perceber a intimidade que tinha com os pincéis. “Além do valor histórico de suas pinturas, por registrarem um amplo momento histórico de transformação, sua obra tem qualidades estéticas. Dentro da simplicidade formal, ele encontrou o equilíbrio de cores e volumes. Na técnica, não era nada ingênuo”, diz Silva.

“Humilde, Poianas fez as molduras das pinturas com ripas. Não tinha sofisticação no acabamento. As obras permanecem assim no Museu de Santo André e assim serão expostas. Essas obras, por terem sido elaboradas com recursos limitados, exigem atenção especial para serem conservadas. Queremos chamar a atenção para isso, entre outras coisas”, afirma Silva.

Segundo a artista plástica Paula Caetano, coordenadora da Casa do Olhar e autora de um dos textos do livro, a importância principal da obra de Guido é o caráter documental. Mas isso não desmerece as qualidades pictóricas de seu trabalho.

“Ele explorou muitos materiais: pintou sobre madeira, tela e papelão, entre outros suportes. Não teve comprometimentos com escolas artísticas. Suas paisagens apresentam visões pouco comuns. São ângulos nada tradicionais. Também soube trabalhar luzes e sombras de forma interessante. Poianas foi assumidamente o pintor das greves e dos movimentos sindicais”, afirma Paula.




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