Memória Titulo História
Dicionário Santista e outras histórias
Por Ademir Medici
26/01/2015 | 07:00
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 “A cinco milhas de São Vicente há um lugar denominado Brikioka (Bertioga), onde os inimigos selvagens primeiro chegam, para daí seguirem por entre uma ilha chamada Santo Amaro (Guarujá) e a terra firme”.

Cf. Hans Staden, artilheiro germânico contratado no quinhentismo para dirigir as primeiras baterias do Forte de São Felipe; citado por Francisco Martins dos Santos, em “História de Santos”, 1937 e 1986; e Fernando Martins Lichti, em “Poliantéia Santista”, de 1986.

Santos celebra hoje a sua elevação de vila à cidade, fato ocorrido em 1839. Uma história diretamente ligada à veterana São Vicente, esta do quinhentismo, e que envolve recantos conhecidos por nós do Grande ABC, como Praia Grande, Cubatão, Guarujá, Piassaguera, Bertioga, Cananéia.

Afinal, todos os antigos caminhos de São Paulo a Santos, cortavam o Grande ABC, das trilhas indígenas ao sistema rodo-ferroviário.

Os viajantes de trem seguiam pelo Vale do Tamanduateí, quando havia transporte de passageiros serra abaixo. E quando Rudge Ramos, entre as décadas de 1910 e 1920, reformou a Estrada Velha do Mar, cortava-se com certa facilidade a sede do Município de São Bernardo, do Meninos à Vila e ao Rio Grande.

Foi o que fez o governador do Estado no aniversário de Santos de 1925. Carlos de Campos, que então respondia pela presidência do Estado, seguiu na manhã daquele dia para Santos, de automóvel, acompanhado do seu ajudante de ordens e do deputado Julio Prestes. Jantaram no Guarujá, então distrito de Santos, regressando à noite para São Paulo – novamente cortando a Vila de São Bernardo.

Há uma história, contada por Beltran Asêncio, o fotógrafo da cidade, segundo a qual era costume, em São Bernardo, se ler os jornais da capital para saber se alguém famoso iria chegar ao Porto de Santos e subir a serra pelo Caminho do Mar. Podia ser um político, um cantor de ópera que fosse se apresentar no Teatro Municipal de São Paulo, talvez uma delegação esportiva.

Calculava-se o horário e se esperava pelos famosos no Restaurante Magnólia, no começo da Rua Marechal Deodoro. Havia sempre a esperança de que a comitiva pararia para um lanche.

Outra história envolve o time do Santos FC, antes da Era da Via Anchieta. Naquele domingo, os santistas jogaram no Pacaembu e perderam o jogo. Os moços da Vila de São Bernardo ficaram de plantão na indefectível Marechal Deodoro, para gozar os peixeiros.

Os jogadores não gostaram. O ônibus parou. A delegação saiu correndo atrás dos batateiros. E o episódio se perdeu na memória coletiva dos antigos.

Mas hoje a cidade de Santos aniversaria. Oportunidade para falarmos da Fundação Arquivo e Memória de Santos. A instituição trabalha no gerenciamento dos arquivos públicos da Prefeitura de Santos e com a memória documental e iconográfica da cidade, o que garante a salvaguarda, a preservação e a disseminação desse patrimônio.

O acervo iconográfico da Fundação Arquivo e Memória de Santos possui mais de 300 mil imagens, entre postais, fotos e negativos de fotos, inclusive de vidro. É o maior da cidade.

O Arquivo Histórico guarda documentos do Município de Santos, da época do Império até 1957.

O Arquivo Permanente abriga 60 mil documentos, 90% deles manuscritos, além de livros, testamentos, escrituras, mapas, registros diversos. É neste arquivo que se encontra o mais antigo documento de Santos: um contrato para a pesca da baleia. Data: 1765.

Há muitas outras raridades: o convite de inauguração do Teatro Coliseu; uma nota fiscal do século 19; obras de Martins Fontes e Vicente de Carvalho; registros do sepultamento de escravos no cemitério de Paquetá.

O Arquivo Intermediário guarda e conserva processos da Prefeitura de Santos produzidos entre 1958 e 1998, num total de 2,5 milhões de documentos.

O Arquivo Geral abriga os processos administrativos mais recentes da Prefeitura, de 1999 aos dias atuais: 4,5 milhões de documentos. O Arquivo Geral fornece comprovação da existência de firmas que funcionaram em Santos de 1943 a 1988, além de informações para elaboração de certidão de valor venal de imóveis, de 1947 a 1997.

O Grande ABC se preocupa em descobrir a sua identidade. Santos também. Em seu site, a Secretaria de Turismo divulga o que chama de ‘Dicionário Santista’. Vocês conhecem esses termos?

Bagrinho – Trabalhador do cais que não possui carteira do sindicato.

Catraia – Pequena embarcação a motor.

Farofeiro – Turista de um dia, que fica apenas nas praias (e este termo é muito conhecido).

Fugir do Anchieta – Estar louco, já que Anchieta foi um manicômio, extinto em 1989.

Jamegão – Assinatura (outro termo popularíssimo).

O mar não está pra peixe – A situação não está favorável; há problemas à vista.

Pirangueiro – Barco que percorre a linha costeira.

Zangão – Trabalhador do mercado de café que carrega as latinhas de seleção dos grãos.

Gostaram? Sérgio Vieira, nosso diretor de Redação; Alexandre Elias, o que desenha a página Memória; e Seri, cartunista dos bons da redação, todos santistas, por certo conhecem outras expressões tão ligadas à sua cidade, por tudo uma verdadeira cidade-irmã do Grande ABC.

 

Diário há 30 anos

Sábado, 26 de janeiro de 1985 – ano 27, nº 5733

Tancredo (Neves, presidente eleito) quer apoio econômico e internacional. Em radiofoto da Reuters, em primeira página, aparece Tancredo abraçando o papa João Paulo II, depois de uma audiência no Vaticano.

EDITORIAL – Desdobrar ministérios é criar sinecuras.

CAPITAL/TRABALHO – GE demite 500 funcionários e encerra atividades em Santo André.

DIADEMA – Funerária Municipal começa a funcionar em fevereiro.

ESPECIAL (A Periferia – VI) – Ivanilde Sitta escreve: população resiste em Ribeirão Pires porque não tem para onde mudar; Rio Grande da Serra padece, com pouca esperança.

 

Em 26 de janeiro de...

O médico-legista Paiva Lima realiza a autopsia de Pedro Branco da Luz, encontrado morto num tanque do Pilar, de propriedade agrícola da qual era empregado. Pilar teve o seu nome modificado para o do atual Município de Mauá.

A guerra. Da manchete do Estadão: ‘um comunicado alemão anuncia que um couraçado inglês foi posto a pique no combate do Mar do Norte’.

Nicolau Dell’Antonia e José Inzuella Adão entram em acordo com a Superintendência da Estrada de Ferro São Paulo Railway Co. para a construção de uma estrada de rodagem. A estrada interligará a Estação de Paranapiacaba e as divisas de Mogi das Cruzes, onde está Taquaruçu.

A SPR compromete-se a abrir, pavimentar e conservar a estrada, desde que os cidadãos Dell’Antonia e Inzuella arquem com os gastos do transporte do material até o local das obras. O custo é de 30:000$000 e será pedida ajuda à Câmara de São Bernardo.

 

Santos do dia

Santos Timóteo e Tito

São Timóteo foi batizado pelo Apóstolo São Paulo, que lhe escreveu duas Epístolas na qual o chama discípulo caríssimo, amado filho e irmão. Acompanhou São Paulo em suas viagens apostólicas. Foi o primeiro bispo de Éfeso e morreu apedrejado e espancado por pagãos.

São Tito, também convertido por São Paulo, acompanhou São Timóteo em algumas viagens e realizou missões delicadas em Corinto. Feito mais tarde bispo de Creta, ali morreu.

Paula

 

DOIS ANOS Antonio Domenech (Penápolis, SP, 20-5-1933 – São Bernardo, 26-1-2013). O mais antigo farmacêutico do Distrito de Riacho Grande, São Bernardo, amigo desta página Memória, companheiro da nossa colaboradora, Therezinha do Menino Jesus Cintra.

 

Santo André

Antonio Teixeira de Almeida, 92. Natural de Palmeiras (BA). Residia em Nova Petrópolis, São Bernardo. Dia 22, em São Bernardo. Memorial Phoenix.

Aldina Soares de Souza, 72. Natural de Nova Iguaçu (RJ). Residia no Jardim do Sol, Santo André. Dia 20. Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Curuçá.

 

São Bernardo

Yvonne Nogueira Wirthmann, 84. Natural de São Paulo (SP). Residia no Parque Marajoara, Santo André. Dia 20, em Santo André. Jardim da Colina.

 

São Caetano

Clarice Cabral Cafaro, 69. Dia 21. Cemitério da Saudade, bairro Cerâmica.

 

Diadema

Norival Ribeiro de Souza, 71. Natural de Tupã (SP). Residia na Vila Nova Conquista, Diadema. Dia 22. Cemitério Municipal.

Irene Duarte Raimundo, 63. Natural de Valparaiso (SP). Residia em Piraporinha, Diadema. Dia 22. Cemitério Municipal.

 

Mauá

Maria de Lurdes Barbosa, 70. Natural do Estado de Pernambuco. Residia no Jardim São Gabriel, Mauá. Dia 21. Cemitério Santa Lídia.




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