A tradição e os mistérios do Marrocos chegam ao Brasil. O Museu de Arte Brasileira da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) abre ao público nesta segunda-feira a exposição Marrocos, que reúne cerca de 500 obras do país africano e o apresenta para o grande público. O evento, fruto de uma parceira da Faap com o Patrimônio Cultural do Ministério da Cultura do Reino do Marrocos, segue até o dia 22 de junho.
A mostra traz toda a miscigenação da cultura do Extremo Poente. O país se estruturou através de trocas de experiências entre a África e a Europa, graças à sua localização estratégica no mundo. A sua identidade permanece, mas se enriqueceu ao somar características culturais de outros povos à sua tradição. Esta assimilação entre culturas é a principal atração da exposição.
Linha cronológica - Dividida em quatro segmentos, a exposição segue uma linha cronológica.
Tudo tem início na pré-história marroquina. São apresentados ao público vasos decorados do período neolítico e incisões rupestres da Idade do Bronze. O público faz uma viagem no tempo até o início do período muçulmano, no século 8.
Em seguida vêm as artes tradicionais. São jóias, bordados, trajes e cerâmicas que traduzem o cotidiano do cidadão local. Neste módulo está presente um dos destaques da exposição: a réplica de uma casa marroquina. Ela é inspirada no padrão das construções de Marrakesh, com a forma árabe dos arcos nas portas, janelas entalhadas e toda adornada com mosaicos de azulejos.
Como toda residência típica do Marrocos, ela tem em seu centro um jardim com uma fonte de água, uma alusão à idéia do paraíso.
Depois do passeio pelo Reinado do Marrocos, há uma seção que demonstra o olhar estrangeiro sobre o local, representando o fascínio exercido naqueles que por lá passaram nos séculos 19 e 20.
Mestres como Delacroix, Majorelle e Dinet deixaram seus registros em desenhos, pinturas, textos e fotografias.
Passada essa seção, é hora de conferir a arte contemporânea produzida por artistas do próprio país.
Esse acervo demonstra que o marroquino se manteve fiel ao seu universo, mesmo quando assimilou em seu trabalho diversas correntes artísticas internacionais.
Religião - As obras presentes na exposição são provenientes dos mais importantes museus do Marrocos.
Entre as peças, está o Alcorão, livro sagrado do Islamismo e tido como um dos pontos centrais para o desenvolvimento da cultura local. De suas escrituras, são tirados os significados de todas as coisas. Detalhe para o fato de que os princípios pregados pelo Alcorão influenciam, entre outras coisas, as esculturas. Não se vê uma escultura representando o ser humano, demonstrando a crença islâmica de que a recriação do homem seria competir com o criador.
Dessa forma, até mesmo os mosaicos de azulejos decorativos simbolizam que somos pequenos diante do plano divino. Toda a arte muçulmana é fundada na religião e obedece a padrões geométricos. (Com AE)
(Supervisão de Gislaine Gutierre)
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