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Uso incorreto da internet pode demitir

Desde 2005, cerca de 600 pessoas já foram mandadas embora por justa causa no Estado de São Paulo

Por Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
07/09/2008 | 07:07
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Todos os dias quando chegava ao trabalho a rotina era a mesma, ligar o computador e checar os e-mails recebidos . Marcelo, como prefere ser identificado, atuou por dois anos em uma multinacional da região, até ser demitido por justa causa.

O motivo foi o vazamento de informações confidenciais pelo e-mail corporativo. Mesmo depois de procurar um advogado e entrar com ações trabalhistas contra a invasão de privacidade, o veredicto não foi revogado. "Eu não sabia que era monitorado, mas me arrependo muito por ter perdido a oportunidade de crescer dentro da empresa", conta o administrador.

Quem pensa que casos como o de Marcelo são raros, está enganado. Desde de 2005, quando o TST (Tribunal Superior do Trabalho) definiu que as empresas têm direito de monitorar seus funcionários no uso da internet, cerca de 600 pessoas já foram demitidas por justa causa no Estado de São Paulo.

O monitoramento de correio eletrônico ainda é uma questão polêmica para a Justiça brasileira. que costuma analisar caso a caso a gravidade do ato de cada funcionário e o tamanho da punição. O principal motivo das demissões, além de vazamento de informações confidenciais é a visita a sites pornográficos e o envio de mensagens com esse conteúdo.

CONTROVERSAS - A maioria dos funcionários discorda da fiscalização e considera uma ‘violação de privacidade', mas para a Justiça não pode haver privacidade absoluta no ambiente de trabalho. "Algumas turmas do TST entendem que a empresa jamais poderia abrir o e-mail do seu funcionário, mas isso é minoria", diz o advogado trabalhista Camilo Gusmão. "Esse entendimento de que o e-mail deveria ser inviolável não vingou no meio jurídico", explica.

A principal reclamação dos funcionários que têm seus e-mails monitorados é a falta de conhecimento dessa condição. "Eles não avisam que têm acesso aos nossos e-mails e isso não é certo", comenta Paula Lemos, psicóloga.

Para evitar qualquer tipo de problema, Daniel Santos, não usa o e-mail da empresa para tratar de assuntos pessoais. "Acho que o bom senso é fundamental, precisamos saber separar o que é profissional do que é pessoal", explica.

Empresas investem em tecnologia de monitoramento

Atualmente há vários softwares capazes de monitorar o uso da internet dentro de uma empresa e restringir o acesso dos funcionários a determinados sites.

O bloqueio e monitoramento são feitos por meio da utilização de um programa firewall. A recém-criada, DRM Systems, por exemplo, tem vários produtos desenvolvidos para executar essa função.

Segundo ele, "há alguns anos, quando as empresas começaram a ter conexão para internet e poucas pessoas tinham acesso, só havia necessidade de controlar a entrada e a saída da rede. Mas, agora, a questão da segurança é o que mais pesa. Foi justamente por isso que montei a empresa, porque a demanda por esses serviços está aumentando", explica Arthur Salles, proprietário e diretor de engenharia da DRM Systems.

Ele explica que um sistema de monitoramento pode fazer tudo em relação à internet. "Você pode liberar o uso para alguns funcionários, determinar com quem eles podem ou não se comunicar, que tipo de mensagem pode ser enviada", diz.

Para Salles, com um treinamento básico de duas horas, o diretor de uma empresa pode monitorar seus funcionários de qualquer parte do mundo.




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