Desde fevereiro o vira-lata Badu virou mais do que um simples companheiro da aposentada Regina Elizabete de Oliveira, 60 anos. Moradora há 11 anos do bairro Nova Petrópolis, em São Bernardo, ela é vizinha de um terreno da AES Eletropaulo que, desde aquele mês, está com o muro quebrado, atraindo grupos de até dez suspeitos que utilizam a facilidade de acesso para usar drogas, fugir da polícia e atormentar os moradores locais. E é o cachorro quem dá o alerta, durante a madrugada, de possíveis invasores do quintal, vizinho ao espaço.

“Mudou minha rotina. A partir das 18h, já começo a trancar portas e janelas. Fico aqui dentro, com medo. É o Badu quem me avisa se algo foge do normal”, disse a aposentada.

A Avenida Wallace Simonsen, onde está localizado o terreno, é uma das principais vias de ligação de bairros periféricos da cidade com a região central. Justamente por isso, é bastante usada como rota de fuga para criminosos.

“Percebo pela folha da bananeira (árvores plantadas em todo o terreno). Às vezes estou assistindo televisão e escuto elas se mexerem. Em seguida vêm as vozes, risadas. Já sei que tem gente. É assustador”, disse um morador da rua, que preferiu não se identificar. Em julho, ele acordou às 3h da madrugada com um rapaz em cima de seu telhado. “Ele me mandou eu ficar quieto que já ia embora. Como vamos fazer? E se ele estivesse armado?”, questiona.

O muro está parcialmente destruído desde a colisão de um motorista, durante o Carnaval. Desde então o local segue sem reparo. Um caseiro que cuida da área durante o dia tentou amenizar o estrago improvisando um tampão de madeiras. Mas isso não impede que suspeitos e viciados o invadam.

Em nota, a AES Eletropaulo respondeu que o caso já havia sido identificado e a viabilização da obra de reconstrução já está sendo tratada. O prazo para conclusão do serviço é de 30 dias úteis.