Política Titulo Investigação
Sondagem do piscinão vira alvo da CPI da OAS

Resposta de servidor sobre falta de avaliação de terreno levanta mais suspeitas em S.Bernardo

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
01/06/2021 | 00:41
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Divulgação/PMSBC/Gabriel Inamine


A CPI da OAS na Câmara de São Bernardo tende a abrir outro flanco de investigação depois que o atual diretor de macrodrenagem da Secretaria de Serviços Urbanos, Luiz Fernando de Oliveira Bortoletto, informou à comissão que não foi feita sondagem de solo no estacionamento do Paço, área onde foi instalado o piscinão.

Durante as obras, a abertura do solo no local gerou polêmica porque funcionários encontraram imensa rocha que atravancou o andamento da obra. Em 2014, quando o assunto veio à tona, se questionou a qualidade do estudo de sondagem de terreno contratado pelo governo do ex-prefeito Luiz Marinho (PT) que não havia detectado a pedra.

Ontem, a CPI da OAS recebeu respostas de Bortoletto acerca do assunto. O funcionário admitiu que a sondagem do terreno envolveu somente a área do estacionamento do Shopping Metrópole, que fica a 600 metros da Praça Samuel Sabatini, onde ficaria o Piscinão do Paço. No estacionamento do centro de compras foi instalada uma galeria de ligação ao Ribeirão dos Meninos.

Ele relatou que a rocha foi detectada em junho de 2014, somente após o fim da licitação para contratação da empreiteira que executaria a obra – no caso, a OAS. “A bem do interesse público, (o edital) deveria, a partir do momento que detectado topo rochoso, ter sido suspenso/cancelado, assim fazer novas tratativas a bem do serviço público”, adicionou o servidor.

O diretor de macrodrenagem informou ainda que o serviço de mapeamento do solo foi feito pelas empresas TCRE/HT Consultoria e Planejamento, MHS Engenharia e Consultoria, Prospec Engenharia, Sondagem, Geologia e Meio Ambiente, e Trigeo Engenharia Geotécnica.

Relator da CPI da OAS, o vereador Julinho Fuzari (DEM) considerou absurdo o fato de “uma obra de tamanha envergadura” ter sido executada “sem o devido estudo de solo”. O Piscinão do Paço demandou R$ 353 milhões – o valor original era de R$ 296 milhões.

“O senhor Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS) nos disse que algumas obras eram fictícias. Havia conluio para licitar, pagar e não executar determinados serviços. Será que, em São Bernardo, esse modus operandi não foi adotado na sondagem do solo? É preciso investigar isso”, comentou o democrata. “Quando falei disso em 2014, muitos falavam que eu estava errado. Recorri até ao poeta Carlos Drummond de Andrade para mostrar a situação”, disse Fuzari, que utilizou na tribuna o célebre poema No Meio do Caminho – cujos versos iniciais são No meio do caminho tinha uma pedra/Tinha uma pedra no meio do caminho.

Na visão do vereador, se a sondagem de terreno fosse feita adequadamente, poderia haver redução dos valores do contrato. “Porque seria possível pensar uma outra estratégia. Se o terreno é argiloso, você cota de uma determinada maneira. Se for rochoso, de outra. Esse tipo de sondagem permitiu aditivos, que podem ser liberados sem critérios técnicos”, citou. “O senhor Léo Pinheiro relatou que funcionários da OAS formularam o edital do Piscinão do Paço juntamente com servidores. Será que nesta composição não se falou do terreno em busca de direcionar a concorrência?” 




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