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Clima junino inspira a arte popular
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
13/06/2010 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


Festa junina não é só xote, xaxado, baião, milho, bandeirinhas, fogueira e quadrilha. É tudo isso e um pouco mais.

O período que é o dos mais famosos e tradicionais do País, além de ser o mais extensivo no uso das expressões do povo brasileiro, ultrapassa as fronteiras de junho e segue inspirando a criação dos artistas da cultura popular.

Religião, música, culinária, tudo se congrega à tradição e ao festejo. Nascida como festa joanina, em homenagem a São João, a celebração foi trazida pelos portugueses, com a colonização. Logo foi adquirindo tons regionais e cercando-se de crenças, motivos populares e cores que se tornaram uma grandiosa teia, cada vez mais rica culturalmente.

"Hoje é tudo mais sofisticado. Quando eu era menino, lá no Nordeste, o que a gente mais curtia eram as fogueiras, quadrilhas, ainda tradicionais, os balões e as comidas típicas", conta o cordelista cearense radicado em Diadema, Moreira de Acopiara.

Em sua arte há o reflexo de todos esses momentos. Tradição, fé e Nordeste. "A cultura popular é muito presente na vida de qualquer artista brasileiro, porque é o que compõe a vida e o dia da maior parte dos brasileiros", completa o poeta popular, que compôs versos especiais para esta reportagem (ver abaixo).

O paraibano mestre xilogravurista Jerônimo Soares, morador de Diadema, faz coro com Acopiara ao declarar que a festa junina nordestina não é igual à paulista. "Aqui é quermesse, não dura tantos dias ininterruptos nem leva uma massa gigantesca com os mesmos pensamentos, a vontade de se divertir, dançar forró e celebrar São João", opina.

Leandro de Abreu, da Orquestra de Viola de São Bernardo, nascido na região e descendente de mineiros com paulistas, fala sobre as festas que viveu: "Aqui é o frio, o quentão... a viola no lugar da sanfona."

Para os dois artistas, o reflexo das manifestações típicas é diferenciado. Para Jerônimo, imageticamente, a ocasião representa uma das suas maiores fontes de inspiração. "Trabalho com isso, cores, gente do povo, de fé", conta Soares.

Já Abreu diz que não se pontua muito pelas festas juninas, mas que elas permanecem pelo ano todo: "O ano todo nós tocamos música de festa junina".

MOSTRAS POPULARES - No Grande ABC são duas as ocasiões para conferir de perto as mais puras expressões de arte popular. Uma delas é a exposição Diálogos na Ponta da Agulha, no Museu de Arte Popular de Diadema (Rua Graciosa, 300. Tel.: 4056-3366), que já está aberta.

Outra é em São Bernardo, a partir do dia 19, com a abertura da Mostra de Cultura Popular, com a participação de grupos como Companhia de Moçambique Família Feliciano, Folia de Reis Estrela Guia, Folia de Reis Alto do Baeta Neves, Sociedade Cultural e Recreativa da Alameda Glória e Orquestra de Viola Caipira.

Poema junino

No meu tempo de menino

No meu sertão nordestino

Era grande a animação.

Quando junho começava

O povo se organizava

Para celebrar São João.

E tinha, além de fogueira,

Forró quase a noite inteira,

Traque, chuvinha e balão.

Tinha quentão, milho assado,

E o povo entusiasmado

Comemorando o São João.

Via-se pai, mãe e filha,

Todos dançando quadrilha

Num enfeitado salão,

Na maior tranquilidade.

Eu sinto muita saudade

Daquele velho São João

 

Junho também traz bons e novos sabores

A culinarista Maria Antonia Begliomini, de São Bernardo, diz que a ocasião das festas juninas é a melhor para aproveitar ingredientes tão comuns na culinária brasileira e improvisar novas receitas. Ao lado, ela dá receita de pamonhada, um prato típico do Tocantins e arroz doce brulê.

"Nas festas, em casa, podemos aproveitar a fartura de ingredientes como o milho e repaginar todos os pratos que existem. A dona de casa, de repente, pode trocar o tradicional bolo de fubá por um de fubá cremoso", recomenda.

 Receitas

Pamonhada (30 porções)

Ingredientes: 30 espigas de milho (com as palhas) / 4 colheres de sopa de manteiga / meio quilo de linguiça calabresa / sal a gosto. Preparo: Limpe o milho e corte a palha com cuidado. Tire os grãos, rale e adicione o sal. Frite a linguiça na manteiga. Misture o milho e a linguiça e amarre com barbante na palha de milho. Cozinhe em água fervente até a palha boiar.

Arroz doce brulê

Ingredientes: 3 xícaras de chá de arroz arbóreo / 1 litro de água / 1 litro de leite / 1 xícara de açúcar / 1 lata leite condensado / 1 pauzinho de canela / raspas de laranja e limão a gosto / 1 e 1/2 xícara de açúcar demerara

Preparo: Ponha o arroz na panela com a água, a canela e o açúcar. Cozinhe sem mexer. Acrescente 1 litro de leite aos poucos, mexendo no cozimento (por volta de 15 minutos). Acrescente o leite condensado e as raspas. Se desejar, ponha uma colher de baunilha. Sirva em uma travessa grande ou taças de porção individual. Em seguida, deixe gelar. Depois de gelado, polvilhe o açúcar demerara em cima. Se tiver maçarico, use-o para caramelar o açúcar. A alternativa pode ser esquentar uma colher de sopa no fogão e encostar no açúcar polvilhado sobre o doce.




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