Internacional Titulo
Cenário UE-América Latina mudou desde 1997
Do Diário do Grande ABC
25/06/1999 | 11:24
Compartilhar notícia


América Latina e a Uniao Européia, que se reunirao neste fim de semana no Rio, enfrentam difíceis circunstâncias que nao se previam há dois anos quando a aproximaçao comercial foi proposta em 1997 pelo presidente francês, Jacques Chirac, em Brasília.

'`O futuro da América Latina nao está no eixo norte-sul; está com a Europa por razoes históricas e culturais, mas também por razoes de complementariedade econômica', disse entao Chirac.

O otimismo das declaraçoes do presidente francês sobre o alcance dessa cúpula que ele convocava entao contrasta com as realidades que este encontro apresenta agora.

Entre a convocaçao e o encontro, a economia mundial sofreu as conseqüências da crise asiática, que se iniciou no segundo semestre de 1997 e cujo contágio atingiu com força o Brasil em particular e a América Latina em geral, mas igualmente tocou a Europa, exposta a uma desaceleraçao de seu crescimento.

Outro tema que afetou a dinâmica da cúpula foi a guerra no Kosovo, que concentrou muitos dos esforços diplomáticos e econômicos da Europa.

Em maio passado, um diplomata europeu assinalou que a Europa nao estava olhando para a América Latina. ``O calendário nao pode ser pior; os europeus nao têm olhos para outra regiaon', disse em referência a Kosovo.

Outras realidades econômicas revelaram as dificuldades para uma aproximaçao entre os dois blocos: América Latina, através do Grupo do Rio, maio passado, deixou claro que seu maior interesse era exigir a eliminaçao das subvençoes européias à agricultura, tema muito sensível para alguns países como Irlanda ou a própria França.

``A sensibilidade de certos produtos, sobretudo agrícolas, terá que ser levada em conta quando se realizarem as negociaçoes', disse esta semana a porta-voz da chancelaria francesa, Anne Gazeau-Secret, lembrando que os cinco países com os quais se pensa em chegar a acordos (Mercosul mais Chile) sao grandes produtores de carnes, cereeais e frutas.

Seja como for, ficou evidente a diversidade de posiçoes do velho continente frente à cimeira. Esta divergência de interesses levou Manuel Marín, responsável pelas relaçoes entre a Uniao Européia e América Latina, a acusar há duas semanas a França de estar bloqueando os acordos com a regiao.

Essa acusaçao foi contestada por Renauld Vignal, diretor das Américas no ministério das relaçoes exteriores francês, assinalando que a França nao vetou uma abertura de negociaçoes com o Mercosul.

Na última segunda-feira em Luxemburgo os chanceleres da UE aceitaram iniciar a partir de primeiro de julho de 2001 as negociaçoes com o Mercosul. França, por exemplo, propôs iniciá-las em 2003.

O acordo de Luxemburgo aliviou a situaçao e voltou a dar importância a uma cimeira que há poucas semanas parecia condenada ao fracasso.

O otimismo agora toma conta, mas nao é o mesmo otimismo de há dois anos quando a França lançou a idéia de unir comercialmente Europa com América Latina para que esta nao olhasse tanto para os Estados Unidos.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;