Rita Camata, candidata a vice-presidente na chapa do tucano José Serra, afirmou no começo da madrugada desta sexta que pretende rediscutir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado a partir de proposta sua na Assembléia Constituinte (1987-1990). Em entrevista ao Jornal da Globo, a candidata disse que os menores reincidentes talvez tenham de ter um tratamento diferenciado. "Sempre fui uma pessoa extremamente aberta ao debate. Se for o caso de termos uma pena mais dura, não vejo problemas. Precisamos discutir para aprimorar o estatuto".

Aparentemente tensa e piscando nervosamente, Rita fez de tudo para repetir insistentemente o nome de Serra e os motes de sua chapa, como "criação de emprego" e "governo voltado ao social". Negou ter sido uma parlamentar "rebelde", como foi tachada pelos companheiros do PMDB por ocasião de sua escolha como candidata a vice.

Questionada sobre seu voto contrário ao projeto do governo Fernando Henrique Cardoso que quebrou o monopólio das telecomunicações, justificou que aquela foi uma forma de levantar o debate sobre o modelo de privatização que se rascunhava. "Naquele momento eu votei contra porque precisávamos discutir mais a fundo a questão", argumentou. "Mas eu sempre somei".

Mais do que ser mulher, Rita Camata disse que pesou em sua escolha como vice o "acúmulo político" de quatro mandatos parlamentares. "Tenho uma lei em meu nome (a chamada Lei Camata, que limita em 60% das receitas correntes os gastos públicos da União, dos Estados e dos Municípios com pagamento de pessoal), e isso não acontece com qualquer um", disse. "Mas ser mulher também contribui muito. A mulher está avançando muito na sociedade, estamos quebrando muitas barreiras".

A deputada garantiu ainda que tem "data marcada" para parar de fumar. "Todos temos defeitos, e admito que essa é uma fraqueza minha". O problema: José Serra, como ministro da Saúde, comprou uma briga feia com a indústria do cigarro. Detalhe: Rita Camata é fumante, das inveteradas.