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Suassuna promete renunciar caso apareçam provas contra ele
Por Do Diário OnLine
Com Agência Senado
12/09/2006 | 14:59
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Em depoimento ao Conselho de Ética do Senado nesta quarta-feira, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) negou veementemente a acusação de envolvimento com a ‘máfia das ambulâncias’ e prometeu renunciar ao mandato, evitando assim uma possível cassação, caso sejam apresentadas “provas concretas” que realmente o incriminem.

“Eu renuncio a meu mandato aqui e agora e também a minha campanha na Paraíba se me apresentarem outra prova a não ser a de um bandido (Luiz Antônio Vedoin, proprietário da Planam) que uma hora falou ‘eu acho que ele sabia’ e outra hora disse ‘acho que ele não sabia’. Eu não mereço tudo o que está me acontecendo”, declarou o ex-líder do PMDB no Congresso Nacional.

Suassuna é acusado de receber R$ 220 mil para elaborar emendas superfaturadas ao Orçamento Geral da União para a compra de ambulâncias. Os senadores Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MS) e outros 67 deputados federais também são apontados como participantes das irregularidades.

Logo no início dos seus esclarecimentos, Suassuna deixou claro que não conhece nenhum dos líderes da ‘máfia das ambulâncias’, especialmente os donos da Planam, Darci Vedoin e Luiz Antônio Vedoin, e a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino. “Nenhum dos personagens me conhece. Não sabia da existência dessas pessoas, nunca falei pessoalmente ou por telefone com essas pessoas, embora jornais importantes digam que eu falei. Se o senhor verificar, vai ver que nenhum deles me conhece. Nunca falaram comigo, não sei sobre a sua existência”, disse Suassuna.

Ele explicou que nos dois últimos anos apresentou emendas parlamentares ao Orçamento para a aquisição de 29 ambulâncias. Desse total, 14 teriam sido adquiridas da Planam, sendo que 11 foram distribuídas a municípios paraibanos administrados por adversários políticos seus.

Biscaia – No entanto, o depoimento de Suassuna, que deveria ser uma defesa, foi mais parecido com uma ‘metralhadora’ de acusações contra a imprensa, o seu ex-assessor Marcelo Camargo, e principalmente contra o presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Ele acusou Biscaia de falta de neutralidade na condução dos trabalhos investigativos da comissão. “Eu não entendo como alguém na condição de juiz pode se comportar dessa forma, fazendo pré-julgamentos ao meu respeito”, disse o senador, que classificou a postura do deputado como simples ‘vaidade’. “Ele (Biscaia) está com todos os holofotes voltados para ele agora.”

Biscaia, que declarou publicamente que Suassuna teria dito anteriormente que “90% dos parlamentares recebem propina para liberação de emendas”, foi desmentido pelo senador. De acordo com o peemedebista, o deputado errou o interlocutor da frase. "Primeiro ele diz que eu falei isso na CPMI, depois muda a versão. fico surpreso com isso. Ele deve estar confundindo tudo”, se defendeu Suassuna.

O depoente disse, após sugestão do senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator de seu processo no Conselho de Ética, que deverá acionar o Conselho de Ética da Câmara por conta da atuação de Biscaia.

Ex-assessor – Sobre seu ex-assessor Marcelo Camargo, acusado por um dos donos da Planam de intermediar emendas ao Orçamento, Suassuna revelou que o conheceu ao assumir o Ministério da Integração Nacional, onde ele (Marcelo) já trabalhava como assessor parlamentar. O senador garantiu que, ao saber do esquema e do possível envolvimento de Marcelo Camargo, ordenou imediatamente a demissão do mesmo.

Suassuna alega que Marcelo Carvalho falsificou sua assinatura. Já o ex-assessor disse que o senador sabia das negociações que promovia e nega ter falsificado qualquer assinatura em pedidos de liberação de emendas do Orçamento da União. A CPMI dos Sanguessugas levantou informações sobre depósitos bancários no valor de R$ 21 mil na conta bancária de Marcelo Carvalho.

O senador disse que só tinha elogios a Marcelo, que ele era extremamente simpático e dedicado, muito elogiado pelos prefeitos. “Nuca imaginei que isso pudesse acontecer”, disse o senador.

Imprensa – A imprensa também não escapou dos ataques de Ney Suassuna. De acordo com o parlamentar, jornais e revistas publicaram diversas matérias com inverdades. Ele citou um ele desmentiu a manchete de um jornal afirmando que ele vai gastar na sua campanha R$ 130 milhões, para ter imunidade parlamentar.

“Eu fico impressionado com as coisas publicadas pelos jornais. Aqui a gente já sabe que não são verdades e entra por um ouvido e sai pelo outro, mas um cidadão que lê isto aqui [apontando e mostrando a manchete do jornal] pensa que somos bandidos. Como estou querendo imunidade se não cometi crime?”, disse Suassuna, afirmando logo em seguida ser alvo de linchamento público.

O senador leu também um trecho de matéria da Revista Veja dizendo que o senador sabe que dificilmente escapará da cassação, pois o relator de seu processo é o "implacável senador Jefferson Péres". Após ler esse trecho, Suassuna disse que virou uma verdadeira "Geni", referindo-se à canção Geni e o Zepelin, de Chico Buarque de Holanda. “Até jornalistas que antes me procuravam como fonte hoje passam por mim e se afastam como se eu fosse um bandido”, disse Suassuna.




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