Setecidades Titulo Terceiro ano consecutivo
Região não atinge meta de vacinação de crianças

Pelo menos oito imunizações obrigatórias para bebês com até 15 meses ficaram abaixo do recomendável

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
06/07/2021 | 00:01
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Divulgação/ Letícia Teixeira/ PMSCS


Pelo terceiro ano consecutivo, o Grande ABC não atingiu, em 2020, a meta em oito imunizações do calendário básico do SUS (Sistema Único de Saúde) para criança com até 15 meses. As informações são do DataSUS, banco de dados do Ministério da Saúde, e mostram que a situação da região também é observada no Estado e no Brasil (veja os números na arte). Especialistas acreditam que o surgimento de movimentos antivacinas e as notícias falsas têm contribuído para este cenário.

A vacina BCG, que previne tipos graves de tuberculose e deve ser aplicada nos primeiros dias de vida, deveria ter uma cobertura de 90%, de acordo com o Ministério da Saúde. Na região, apenas 71,04% dos bebês receberam a vacina. Já para outros imunizantes, como poliomielite; hepatite A; pentavalente, que previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B; meningococo C, que previne tipo de meningite; pneumocócica, contra meningite e otite; rotavírus, contra diarreia; e a tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola, o índice de cobertura recomendável é de 95%.

Infectologista do Grupo Pardini, Melissa Valentini explicou que a cobertura vacinal em todo o Brasil vem caindo progressivamente desde 2015 e que entre 2015 e 2014 houve falta de vários imunizantes no País.

Desde o ano passado, a pandemia também tem tido efeitos sobre a cobertura vacinal, seja pelo receio dos pais em ir até as unidades de saúde, seja pelas unidades que passaram algum tempo fechadas na época do surgimento dos primeiros casos. A suspensão das aulas presenciais também impactou na situação. “As escolas fazem muito esse papel de conferir a carteira de vacinação”, citou.

Para a especialista, é preciso campanhas de conscientização junto à população. “Existem doenças graves que as pessoas não ouvem falar há muito tempo por conta do bom nível de imunização da população. Quanto menos pessoas se vacinarem, maior a chance de termos surtos”, afirmou. Melissa alertou que, assim como as vacinas para crianças estão com uma baixa cobertura, adolescentes e adultos também estão com o esquema vacinal incompleto.

Infectologista da BP (Beneficência Portuguesa) de São Paulo, Artur Brito lembrou que o Brasil foi considerado, em 2015, como País livre do sarampo, mas vivenciou surto em 2018, justamente pela baixa cobertura vacinal. “As doenças podem voltar porque países vizinhos ao nosso não contam com um sistema de imunização tão robusto”, explicou.

Brito também afirmou que é preciso reforço nas campanhas de comunicação do governo federal, que vieram se enfraquecendo ao longo dos anos, tanto para conscientizar as pessoas quanto para combater notícias falsas de movimentos antivacinas. “Se o celular democratizou o acesso à informação também trouxe essa questão de que todo mundo acaba sendo fonte de informação e nem sempre ela é real e confiável”, citou.

Prefeituras do Grande ABC afirmam que fazem busca ativa

As prefeituras da região garantem que estão atrás dos moradores para atualizar as carteirinhas de vacinação. São Bernardo informou que disponibiliza todas as doses do calendário anual nas 33 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e reforça, diariamente, junto aos munícipes, a importância da atualização da carteira de vacinação, além de realizar busca ativa das que estão com o documento desatualizado.

São Caetano informou que criou o CMI (Centro Municipal de Imunização), que funciona na Usca (Unidade da Criança e do Adolescente), na Rua Goitacazes, 301, bairro Santo Antônio, para incentivar a vacinação com todas as vacinas do calendário nacional e, inclusive, a atualização das carteirinhas.

Mauá informou que vem realizando a busca ativa das crianças que estão com a imunização atrasada e também fazendo a vacinação nas consultas de acompanhamento infantil, além de solicitar aos agentes de saúde que orientem as mães destas crianças sobre a importância das vacinas.

Ribeirão Pires afirmou que a queda nos registros se dá devido à pandemia. Rio Grande da Serra destacou que o receio de sair de casa e se expor à Covid fez com que os moradores evitassem procurar UBSs e que tem realizado trabalhos com agentes comunitários para conscientizar os munícipes. Nenhuma administração reportou falta dos imunizantes em 2020. As outras cidades não responderam até o fechamento desta edição.




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