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Carne e leite puxam custo da cesta básica

Em julho, preço do kit de itens subiu R$ 14,13; esta já é a quarta alta seguida, devido à pandemia

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
31/07/2020 | 00:06
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O valor médio da cesta básica no Grande ABC em julho ficou em R$ 744,82, 1,93% ou R$ 14,13 a mais em relação a junho (R$ 730,69). Neste mês, a carne bovina e o leite foram os itens que mais pesaram no bolso do consumidor. No caso da proteína (como coxão mole, carne de primeira), o quilo passou de R$ 28,29 para R$ 29,64 (alta de R$ 1,35 ou 4,76% no mês). Já o litro da bebida láctea foi de R$ 3,26 a R$ 3,41 (R$ 0,15 ou 4,56%). Os dados são da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

“Esses dois itens, em específico, estão na entressafra, ou seja, período que não são favorecidos. Com dias mais gelados, o gado engorda menos do que no verão, e isso serve de justificativa por parte dos pecuaristas para pressionar os valores com os frigoríficos, que acabam repassando aos mercados atacadistas e varejistas. O mesmo acontece com o leite. A vaca passa a se alimentar mais de ração, devido à estiagem do pasto, e o valor adicional para sua alimentação vai sendo repassado até o consumidor final”, explica o engenheiro agrônomo da Craisa Fábio Vezzá De Benedetto. No caso da carne, o item ainda sofre influência da cotação internacional.

No entanto, a maior alta foi no pé de alface, que encareceu 44,70% ou R$ 0,70, passando de R$ 1,59 para R$ 2,30. “A verdura acaba ‘sofrendo’ mais os impactos de preços elevados no inverno, já que é altamente perecível e estraga com facilidade em dias mais frios. Além disso, os itens de hortifrúti sentem o impacto dos efeitos da pandemia causados pelo novo coronavírus. Muitas feiras ainda não voltaram ao normal, e isso gera insegurança nos produtores, que acabam plantando menos, para não haver perdas. Com isso, há menos itens no mercado e preços maiores. E prevalece a lei da oferta e da procura.”

Esta já é a quarta alta seguida no custo da cesta na região. O kit começou a encarecer em abril (2,92% ante março), mantendo a trajetória em maio (3,70%) e junho (0,58%). “Além das questões de safra e mercado, a pandemia fez com que as pessoas ficassem mais em casa, o que aumentou o consumo de alimentos. Isso, por si só, eleva a demanda, fazendo com que os preços subam. A projeção é que, com o término do inverno e a volta das pessoas à rotina fora do lar, os preços voltem a se estabilizar”, estima.

Quanto à dupla tradicional da mesa dos brasileiros, arroz e feijão, os preços têm se mantido durante as últimas quatro semanas, mas, no caso do grão, o valor segue num patamar alto. “O custo médio do pacote de um quilo gira em torno de R$ 5,80. Na crise em 2016, chegou a R$ 7,70. Hoje, está em R$ 8,75.”

Benedetto explica que isso é ruim, porque, quando os valores estão altos, muitos agricultores optam pelo plantio do grão. Porém, com muita oferta, na próxima safra os preços tendem a baixar e poucos produtores passam a produzir, o que eleva o preço novamente. “Ou seja, é um ciclo insustentável e doentio, por falta de planejamento agrícola. Em outros países, como nos Estados Unidos, há uma política de agricultura e abastecimento que controla os grãos plantados e as safras, não havendo desperdício e mantendo os preços sempre em uma média. No Brasil a gente fica no oba-oba”, dispara.
 




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