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Agora imóveis clandestinos crescem para cima
Adriana Ferraz e Fabio Berlinga
Do Diário do Grande ABC
24/02/2007 | 17:14
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Os quatro cômodos foram construídos há 40 anos, às margens da represa Billings, no Jardim Marajá, na região do Eldorado, em Diadema. Neles, morava um casal que ao longo dos anos criou sete filhos. Um deles, Benedito Ferreira, atualmente com 28 anos. No lugar da pequena residência, hoje há quatro casas dispostas em dois predinhos grudados, onde moram os filhos que foram se casando.

Ao redor da família de Ferreira, tantas outras estão apinhadas no morro do Eldorado. Um crescimento vertical desenfreado no entorno da represa que as fiscalizações municipais não conseguem conter.

Para o ambientalista Virgílio Alcides de Farias, do MDV (Movimento em Defesa da Vida), a região do Eldorado é onde o problema se manifesta de forma mais grave em toda a região. Um breve olhar à distância revela uma silhueta cheia de sobrados e pequenos prédios de três ou quatro andares em construção. “Isso mostra que não existe a presença pública para fiscalizar e coibir esse crescimento”, argumenta Farias.

A casa da família de Ferreira ainda não parou de crescer. Desempregado, ele trabalha na construção da quinta moradia, para onde irá se mudar com a mulher. Ele mora em um dos predinhos, mas quer mais privacidade.

O alicerce já está sendo preparado para que o imóvel seja ampliado para cima. “Se minha irmã, que casou faz pouco tempo e paga aluguel, precisar, já vai ter onde construir”, planeja.

Ferreira justifica a construção fora das normas municipais com a falta de espaço. O terreno não é suficiente e a gente vai construindo em cima. É o único jeito de dar conta da família inteira.”

"São lotes que deveriam ser unifamiliares, por estarem em área de mananciais, mas são divididos por muitas famílias. Isso aumenta a poluição, produção de lixo, esgoto e causa assoreamento, diminuindo cada vez mais a capacidade de produção de água da Billings”, diz o ambientalista Farias.

O adensamento populacional se dá para acomodar famílias que crescem, diz Farias. “É um filho que casa, parentes que vêm de outras cidades e há também os casos de pessoas que constroem outros cômodos para aluguel. O que não é raro.”

O problema não é exclusivo de Diadema, apesar de ser a cidade onde o crescimento dos imóveis é maior. Em São Bernardo, o cenário é mais horizontal, mas no Grande Alvarenga já há casos de verticalização.

Em 1997, o operário Clébio de Souza Queiróz, 40, comprou em sociedade com o cunhado e a tia um terreno na Vila dos Químicos, de frente para a represa Billings. No local, ao longo de quase dez anos, foram construídos três andares, um para cada um dos casais e filhos morarem. “Agora que todo mundo deixou o aluguel, chega de construir”, comenta Queiróz, que foi o último a mudar-se para a casa, em novembro do ano passado.

Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o crescimento médio anual da população ao redor da Billings é de 10% em Diadema, 7% em Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, 5% em São Bernardo e Santo André, além de 6% na Capital.

Mais informações na edição de segunda-feira.




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