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Prefeitos da região são favoráveis à compra de doses da Coronavac

Chefes do Executivo, no entanto, divergem sobre obrigar população a se imunizar e evitam comentar briga política em torno da vacina

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
22/10/2020 | 00:01
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Pelo menos quatro dos sete prefeitos do Grande ABC apoiam a compra em massa da Coronavac – vacina chinesa que promete imunizar contra o coronavírus – e evitaram tomar partido na briga política entre os governos federal e estadual sobre o tema, que se acirrou ontem (leia mais abaixo). Os chefes do Executivo de Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não retornaram aos questionamentos do Diário até o fechamento desta edição.

A imunização, desenvolvida em parceria do laboratório chinês Sinovac Biotech com o Instituto Butantan, na Capital, passou pela fase de testes em humanos, gerando reações leves em apenas 35% dos 9.000 voluntários que fizeram parte do estudo, entre eles 652 que foram vacinados nos laboratórios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). O governador João Doria (PSDB) tem expectativa de iniciar a imunização da população em dezembro, depois que a vacina for liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Na região, os prefeitos são favoráveis à compra da Coronavac, desde que aprovada pela Anvisa, no entanto, as opiniões divergem em relação à obrigatoriedade da vacina para a população, que é outro ponto de conflito entre os governos estadual e federal.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), disse que está de acordo com a compra da vacina, porém, discorda da obrigatoriedade. “A vacina é a esperança da população. Há grande expectativa (de que chegue a imunização). Já obrigatoriedade acho que pode ser dispensada”, analisou.

Já o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), acredita que a vacina obrigatória se faz necessária. “A partir do momento em que tivermos um controle da disseminação do vírus, a vacina pode até se tornar facultativa”, afirmou, pontuando que é “fundamental que o governo federal apoie todas as vacinas que se mostrem eficazes e seguras”.

Em São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), por meio de nota, defendeu o uso da ciência no enfrentamento da Covid, o que inclui investimento na aquisição de uma vacina que possa colocar fim à pandemia e permitir a retomada total da atividade econômica. O prefeito de Mauá, Atila Jacomusi (PSB), por sua vez, resumiu sua posição dizendo acreditar que “em primeiro lugar vem a vida” e que “as discussões e ideologias políticas ficam para depois”.

Bolsonaro diz que não comprará vacina chinesa

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou ontem o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. A aquisição havia sido anunciada pelo próprio Ministério da Saúde na terça-feira. A União iria desembolsar R$ 1,9 bilhão na compra dos imunizantes.

Após responder um jovem nas redes sociais informando que a Coronavac não será comprada, Bolsonaro fez postagem com o título “A vacina chinesa de João Doria”, em referência ao governador de São Paulo, alegando que “qualquer vacina, antes de ser oferecida, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)” e que “o povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.

A fala vai na contramão da postura adotada em relação ao uso da hidroxicloroquina, cuja falta de comprovação de eficácia no tratamento da Covid-19 sempre foi minimizada pelo presidente. A Coronavac está na fase 3 dos testes clínicos, estágio mais avançado. Segundo dados apresentados nesta semana, o imunizante tem os melhores resultados de segurança entre todos em teste feitos atualmente. O resultado de eficácia deve ser divulgado até dezembro.

Secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco alegou que Doria teria feito uma “interpretação equivocada da fala do ministro da Saúde” sobre a compra da vacina e ressaltou que a pasta não firmou “qualquer compromisso com o governo do Estado de São Paulo ou com o seu governador no sentido de aquisições de vacinas”.

A administração paulista reagiu em nota e publicou vídeo da reunião na íntegra para comprovar. No encontro, Pazuello disse que “a vacina do Butantan é a vacina do Brasil” e anunciou a assinatura de protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac ainda neste ano. A secretaria estadual da Saúde classificou a alegação de que houve interpretação equivocada como “descabida”.

O presidente da Anvisa, Antônio Barra, negou que a agência possa sofrer influências externas nos seus processos de avaliação de eficácia das vacinas. Ele disse não haver data pré-definida para concluir os estudos clínicos ou conceder registro a qualquer um dos quatro imunizantes em desenvolvimento no País.
Na manhã de ontem, o Ministério da Saúde divulgou que Pazuello está com a Covid. O ministro foi diagnosticado na noite de terça-feira e também realizou o teste PCR, cujo resultado não foi divulgado. Segundo a pasta, o estado de saúde do ministro é estável. (das agências)




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