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Uniforme escolar ainda é aguardado

Das sete cidades, quatro estão com processo licitatório em tramitação para adquirir peças

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
09/05/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Quatro cidades da região (São Bernardo, São Caetano Mauá e Ribeirão Pires) ainda não realizaram a entrega de uniforme escolar aos alunos da rede municipal. Nas demais, Santo André iniciou a distribuição das peças de verão aos seus 33 mil alunos em 23 de fevereiro e, as de inverno, no dia 19 de abril. O investimento na compra dos kits completos foi de, aproximadamente, R$ 7 milhões. Em Diadema, a entrega vem sendo efetuada para os 18 mil estudantes e, em Rio Grande da Serra, a Prefeitura não disponibiliza uniformes aos estudantes da rede.

A Prefeitura de São Bernardo pontuou que a ausência de ata de registro de preços para a aquisição dos uniformes, provocada pela gestão anterior, impediu que o processo para exercício deste ano ocorresse de maneira célere. “A nova gestão enfatiza que desde o início do ano realiza os trâmites burocráticos para a aquisição dos uniformes, ressaltando que entregará os kits aos alunos ingressantes na rede o mais rapidamente possível”, destacou, em nota, sem informar prazos. Em relação aos kits de material escolar, a entrega aos 87 mil alunos ocorrerá até o fim do mês. A Prefeitura ressaltou que os produtos foram adquiridos com redução em mais de 50% no comparativo de gastos com o ano passado e qualidade superior em todos os itens.

Em São Caetano, cuja rede municipal conta com 20 mil alunos, a Prefeitura afirma que os processos, tanto para a compra de uniformes como para material escolar, “estão em andamento, em estágios de finalização”. O motivo pelo qual a distribuição não ocorreu no início do ano letivo é justificado pelo governo por irregularidades na licitação (no caso do material escolar), iniciada pela administração passada, “que foi julgada irregular e, por isso, cancelada pelo Tribunal de Contas do Estado”. “Em relação aos uniformes, a gestão anterior sequer publicou o edital de licitação para a compra das peças”, ressaltou o Executivo, em nota, acrescentando que não há prazo para a realização das entregas.

No município mauaense, a previsão da Prefeitura é a de fornecer os uniformes no próximo mês, contemplando 19 mil estudantes. O atraso, assim como nas demais cidades, é colocado sob responsabilidade da gestão anterior, “que não efetuou os processos licitatórios para aquisição dos produtos”.

Segundo a administração, a licitação do uniforme está na etapa de análise de amostras e o valor para aquisição é de R$ 4 milhões. Cada aluno receberá três camisetas de manga curta, uma camiseta regata, uma camiseta de manga longa, uma calça, uma bermuda e uma jaqueta. Ainda em Mauá, certame referente ao material didático tem abertura prevista para amanhã, com investimento de R$ 5,5 milhões.

Em Ribeirão Pires, o Executivo disse que “está cotando valores de peças de uniforme para iniciar processo de compra”, o qual atenderá 9.000 alunos. O kit é composto por blusa de frio, camiseta de manga curta e manga longa, calça e bermuda. Não foi informado prazo para a entrega. Quanto ao material, informou já ter iniciado o processo de licitação.


Famílias improvisam enquanto esperam

Com o rápido crescimento das crianças, uniformes utilizados no ano anterior costumam não servir mais. Diante da ausência de entrega das peças neste ano, parte do orçamento fica comprometida para a compra de mais roupas – já que as peças que eram para passeios agora são usadas diariamente na escola, gastando mais rapidamente – ou as famílias improvisam o vestuário com uniformes doados por pais cujos itens já não servem mais aos filhos.

“É uma situação bem difícil e, com o tempo mais frio, as roupas não secam facilmente”, falou a auxiliar de cozinha Vanicleia Santos, 36 anos, de Mauá, mãe de Isabela, 4, aluna da Escola Municipal Professora Marcia Regina Abraham.

A dona de casa Ana Flávia da Cruz Santos, 26, de Ribeirão Pires, tem duas filhas, de 5 e de 8 anos, que estudam na Escola Municipal Professor Sebastião Vayego de Carvalho, obrigando-a a dobrar os gastos com vestuário. “Elas vão às aulas com roupas de passear, pois os uniformes do ano passado estão apertados. As roupas gastam rápido demais”, reclamou.

Os uniformes dos filhos de 5 e de 10 anos da assistente de vendas Débora Leal, 35, de São Bernardo, ainda estão em condições de uso, deixando a mãe mais tranquila. “Tenho muito cuidado, pois quando meu filho sair da escola pretendo doar o uniforme dele”, disse.

Doar as peças é prática realizada pela analista de marketing Ana Lígia Batistela, 31, de São Caetano. “Entrei nos grupos do Facebook e anunciei que tinha roupas para doar e também encontrei uma mãe que tinha calças para doação. A situação que a falta de entrega de uniforme criou foi união entre as mães”, relatou ela, cuja filha, de 8 anos, é estudante da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Eda Mantoanelli.

“Comprei camisetas, recebi doações e doei muita coisa. Os uniformes duram mais que um ano e essa troca está sendo benéfica para todos os munícipes. Precisamos cobrar, sim, a Prefeitura, mas colaborar com o próximo também funciona”, concluiu Ana Lígia. 




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