Trinta participantes, na maioria universitários, e também políticos, como o ex-chanceler alemao Helmut Schmidt, além de rabinos, sacerdotes e ulemás, assistiram à reuniao, realizada esta segunda e terça-feira em Limassol, sul de Chipre. O forum foi organizado pelo Centro de Diálogo Mundial, organizaçao presidida pelo empresário iraniano Hossein Alijani.

Os participantes condenaram de forma unânime qualquer tipo de fundamentalismo religioso. Foram os bombardeios da Otan contra a Iugoslávia e o exílio maciço dos muçulmanos de Kosovo os temas que revelaram os desacordos e que puseram sobre a mesa a questao da responsabilidade das autoridades religiosas na crescente influência dos ``nacionalismo religiosos' nos Estados.

O ex-grande rabino da França, René-Samuel, Sirat pediu aos homens religiosos a ``nao se contentar com discursos e atuar para dizer nao à guerra, à purificaçao étnica, ao deslocamento das populaçoes e nao dar nunca o exemplo da passividade'.

Nesta lógica, Sirat lamentou que imames e rabinos, que supostamente professam a paz, nao tenham estado junto ao presidente palestino, Yasser Arafat, e ao ex-primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, quando foram assinados os acordos de paz.

Christos Yannaras, professor da Universidade de Ciências Políticas de Atenas, causou protestos entre os assistentes, particularmente o de representantes do Isla, ao afirmar que o Ocidente, que denunciou o Holocausto judeu, ``repete o mesmo Holocausto contra sérvios e curdos'. Após isto, esclareceu que condena a política do presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic. Outros participantes destacaram que esta é a primeira vez na história da Europa que ``cristaos bombardeiam outros cristaos para proteger muçulmanos'.

O diretor do Centro pelo Diálogo entre Muçulmanos e Cristaos de Washington, John Esposito, pôs fim aos debates, pedindo aos religiosos que reflitam ``sobre a forma de responder' os que justificam os crimes em nome da religiao.

Por outro lado, John Esposito estimou, em uma entrevista que esta conferência permitiu mostrar como cada uma das três grandes religioes monoteístas reagem ante os acontecimentos, particularmente em Kosovo. ``Vivemos um momento extremamente crítico da história, no qual a religiao desempenha um papel na política e no Estado. Tendo em vista que nao podemos evitar este fenômeno, é preciso saber como agir em relaçao ao mesmo', disse.